quarta-feira, 12 de julho de 2017

Passagens inter-ilhas são exorbitantes

Numa altura em que ainda se vivencia o “boom das low cost” e quando nos defrontamos com preços de passagens aéreas mais baratas para o Continente do que para as próprias ilhas, questionamo-nos inevitavelmente para quando um novo modelo que permita aos açorianos viajar a preços mais justos dentro de casa.

É certo que existe a tarifa residente na companhia de aviação SATA, mas viajar dentro dos Açores é atualmente muito caro.

Ainda recentemente a própria direção da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada colocou este assunto na ordem do dia regional. O presidente da CCIPD defendeu que está na altura de se rever o atual modelo de transporte aéreo regional, com o intuito de o “tornar mais sustentável” e de corrigir aspetos relacionados precisamente com “o elevado preço das passagens inter-ilhas, quando comparado com o praticado nas ligações com o Continente”. Esta é uma preocupação e aspiração de muitos açorianos.

Mário Fortuna rcordou – e bem – que o teto máximo depois do reembolso para viagens entre as ilhas e o continente é de 134 euros e que, no caso das tarifas inter-ilhas, podem “pagar a mesma coisa ou mais”.

Assim, fui fazer uma simulação de uma viagem na SATA entre Ponta Delgada-Flores (ida e volta) para o mês de Julho e para uma pessoa com a tarifa de residente. O preço final foi precisamente de 151,48 euros. Outra simulação, e seguindo os mesmos critérios, todavia entre Ponta Delgada-Terceira. O custo final foi de 146,60 euros.

Questiono-me sobre quantos açorianos não devem pensar duas vezes entre fazer férias cá dentro ou ir para fora quando se deparam com este tipo de preços. Para uma família de três pessoas ronda perto dos 500 euros, isto sem contar com estadia, alimentação, transportes, etc.

São deslocações caras. Não é de duvidar o porquê de porem em causa a própria Região como um destino de férias. A agenda política terá forçosamente que pegar neste tema mais tarde ou mais cedo. Nada é impossível. Além do mais, devem ser muitos mais os filhos desta terra que não conhecem o arquipélago como um todo, ou seja, as nove ilhas, do que aqueles que as conhecem.

As “low cost” também eram uma miragem, mas felizmente foi uma aspiração que se concretizou - a bem de todos os açorianos - e que tem trazido impactos positivos. Todavia existem ainda ilhas como Santa Maria onde o turismo tem decrescido. Por isso, é necessário que se repense o atual modelo de tarifas de transporte aéreo a bem do nosso povo.

Com exceção dos políticos, e daqueles que têm necessidades profissionais que ocasionalmente os obrigam ir a todas as ilhas, o certo é que a maioria dos açorianos não conhece o arquipélago no seu todo.

Sou ainda de uma geração que não conhece todas as ilhas e o mesmo aconteceu com as gerações anteriores. Será que é este o legado que se pretende passar? É imperativo que haja intervenção do Governo Regional, dos partidos, das organizações e da própria sociedade civil em torno deste assunto.

Com a respetiva diminuição do preço dos transportes aéreos podemos dar um grande passo para a coesão territorial, económica e social. Podemos promover a economia do próprio arquipélago e inevitavelmente o turismo das mais variadas ilhas como um todo. Avance-se para a diminuição do preço das tarifas aéreas inter-ilhas. Com boa vontade política de todos os intervenientes conseguimos chegar lá. O futuro passa forçosamente pela coesão arquipelágica.


Opinião de Carmen Gaudêncio, publicada no «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Batas apenas copiar o modelo das ilhas Canárias.

Anónimo disse...

A Sata tem uma estrutura pesada, pouco adaptada ao conceito "lowcost". Tem funcionários a mais, que tem de ser pagos no fim do mês, e centra operações num dos extremos do arquipélago, prejudicando as demais ilhas.
Ambas estas situações resultam das politicas seguidas nos ultimos 40 anos. Os políticos, na sua avidez por votos, usaram e abusaram da Sata para empregar quem queriam e entaxarem nas administrações amigos. É com o preço alto dos bilhetes que se tem de pagar essa gente.
Para que a maior parte dos empregos fosse distribuída em São Miguel, a Sata centrou operações em Ponta Delgada, não tendo em conta a dispersão das ilhas por mais de 600 km. A infuncionalidade subsequente tem naturalmente um preço que é refletido nos bilhetes.
Enquanto estes assuntos não forem resolvidos (e para os resolver é preciso coragem), temos prejuizos na Sata, pagos como se sabe pelos contribuintes, e bilhetes exageradamente altos.

Anónimo disse...

Isto esta bom é para os deputados e amigos passeiam de graça não sabem quanto é que o Zé povinho paga.