sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Açores: a magia do Atlântico (1/2)

Os Açores são ainda um paraíso desconhecido para muitos portugueses. Embarca numa viagem mágica a um Portugal mais atlântico e tão diferente do resto, mas que está agora ao alcance de todos.

O Atlântico infinito desliza por debaixo de nós, fluído, aparentemente uniforme, absolutamente plano, com incontáveis declinações de azul, do índigo ao bebé. Os reflexos adornam-no, ora subtis, ora intensos, num bailado incessante com as sombras ditadas pelas nuvens que nos acompanham nesta viagem, rebeldes, sem ordem e que o acaso projecta na sua superfície. Ao longe, primeiro como se tratasse de uma miragem ou da distorção da diminuta janela da aeronave, agitada pela trepidação de enormes hélices que nos fazem duvidar, sem motivo, da adequação deste aparelho voador a meteorologias tão instáveis, surgem duas pequenas irregularidades no horizonte perfeito. Os minutos escoam-se, inquietos, acumulando-se no relógio de pulso, par a par com as pulsações no coração, materializando a antecipação da chegada ao Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores. É quase palpável a excitação. Flores e Corvo. Duas palavras curtas, significativas para qualquer açoriano, pertencentes a um léxico comum na língua portuguesa, que ali aportou no longínquo ano de 1452 pelas caravelas dos navegadores Diogo e João de Teive, pai e filho respectivamente, numa expedição à Terra Nova. A sua localização coloca-as como a fronteira ocidental da Europa, quase a meio caminho entre os continentes europeu e americano. Até aqui a dualidade e o contraste se tornam evidentes: geologicamente estão já na placa continental americana, mas politicamente pertencem ainda à União Europeia.

Ao aterrar em Santa Cruz das Flores – é possível viajar também por via marítima no Verão, mas a viagem é longa e só os adeptos de navios costumam optar por tal solução – somos brindados à chegada pela humidade tépida que empresta à ilha um ambiente semi-tropical e a torna a mais húmida e verdejante deste arquipélago, famosa por cascatas que nunca secam ao longo do ano e pela vegetação luxuriante que terá estado na origem da sua toponímia.

Conhecer verdadeiramente a ilha obriga a botas de trekking e um bom casaco impermeável. A chuva é uma presença familiar, mas torna-se um gosto adquirido, e raramente de forma verdadeiramente intrusiva, pelo menos no Verão. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Literalmente, neste caso! Estamos na ilha mais selvagem, pela orografia acidentada, pelo clima agreste e, consequentemente, pela reduzida (e em decréscimo acentuado) demografia. São menos de 4 mil almas que se distribuem por dois concelhos – Lajes das Flores e Santa Cruz das Flores – os principais pólos urbanos, que conta com uma área total de 141 kilometros quadrados. É por isso a Natureza que impera e é por ela que nos teremos de embrenhar para conhecer este território!


Notícia: portal «Momondo».
Saudações florentinas!!

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