segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

«A ilha das Flores», por Filomena Mónica

Descobri a ilha do arquipélago dos Açores sobre a qual Raul Brandão escreveu “uma vasta desolação monótona”.

O arquipélago dos Açores é a única parcela do território nacional onde a natureza e as cidades foram preservadas. Ao longo dos anos, visitei com prazer as suas ilhas: faltava-me uma. Ao descobrir ser o ponto mais ocidental da Europa – não, não é a ilha do Corvo – parti para as Flores. Além da localização geográfica, queria ver as hortênsias, que eu imaginava já estarem em flor, e sobretudo observar os pássaros que só ali existem, como o garajau rosado, o papagaio-do-mar e a galinha-d’água.

Cheguei ao fim de uma tarde luminosa. Antes de subir às montanhas, entrei numa igreja da vila. Os meus olhos ficaram presos a uma menina de ar doce no interior de uma urna de vidro. De mãos postas, com uma capa de veludo roxa, bordada a oiro, tinha a cabeça apoiada numa almofada de renda. A posição, o perfil e os cabelos fizeram-me lembrar a Ophelia pintada por John Everett Millais. Quis saber quem era, mas no Turismo não mo conseguiram dizer. Devia ser "a mãe de Deus", comunicou-me a funcionária, pois fora isso que lhe dissera a sua avó.

Reparei então que, no cimo dos morros, existiam umas colunas altíssimas cujo objectivo me escapava. Um transeunte explicou-me que tinham sido "os franceses", sim, os do hotel onde eu estava alojada, que ali as haviam colocado. Foi então que recordei que, após o trauma de ter sido um parceiro menor durante a II Grande Guerra, Charles de Gaulle pretendera ser independente dos dois blocos – EUA e URSS – para o que congeminara um plano de defesa autónomo. Em 1964, a notícia da autorização dada por Portugal para ali se poderem colocar aqueles "espetos-espiões", bem como a permanência de submarinos em águas portuguesas, foi recebida com agrado nos círculos de Lisboa.

Outra foi a reacção do povo local, apavorado com o que, de início, julgou serem baleias gigantes. Para meu espanto, num local onde há pouquíssimos automóveis, deparei-me com inúmeros sinais de trânsito. Ao subir a montanha, notei as cascatinhas que, nascendo no alto, desembocam no mar. Os regatos são idílicos, mas a charneca, essa "vasta desolação monótona", como a designou Raul Brandão, é agreste. Alem disso, em vez dos pássaros que ambicionava conhecer, só vi coelhos anões. A certa altura, entrei num café, onde estava pendurada uma fotografia de um navio, o ‘Carvalho Araújo’. Na parte debaixo, podia ler-se: "O único meio de comunicação exterior, de mês a mês, desde 1930 a 1956, serviu esta ilha mais de 40 anos". Era o isolamento total. Se ali tivesse nascido – a ilha tem apenas 4 mil habitantes – acabaria por enlouquecer. Para umas férias, a ilha das Flores são uma delícia; para uma vida, não.


Opinião de Maria Filomena Mónica, publicada no «Correio da Manhã».
Saudações florentinas!!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Requalificação do Lar de Santa Cruz

Anúncio do concurso público para a empreitada de requalificação do Serviço de Apoio ao Domicílio pela Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz já foi publicado em Diário da República.

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz das Flores acaba de lançar um concurso público com vista à empreitada de requalificação do seu Serviço de Apoio ao Domicílio.

Inscrita na Carta Regional de Obras Públicas, esta empreitada terá prazo de execução de 13 meses e representa um investimento global superior a 1,7 milhões de euros.

A obra visa a requalificação do edifício da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz onde funcionam diversas valências da instituição, nomeadamente o Serviço de Apoio ao Domicílio, que irá apoiar todas as valências da Misericórdia.


Notícia: jornal «Construir», portal «Mestre d' Obras» e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

sábado, 27 de fevereiro de 2016

«Brumas e Escarpas» #99

A Fajã Grande na década de 1950

A freguesia da Fajã Grande ocupava, juntamente com a Fajãzinha, uma ampla fajã delineada a oeste pelo mar e a norte, a leste e a sul por uma altíssima rocha que a separava do resto da ilha das Flores, isolando-a das restantes freguesias e das duas vilas – Santa Cruz e Lajes. Na década de 1950 o isolamento era tal que até as deslocações à freguesia mais próxima, a Fajãzinha, sobretudo no Inverno, tornavam-se bastante difíceis e por vezes impossíveis. Era necessário atravessar a Ribeira Grande, muito larga, apenas com uma ponte pedonal e por vezes levada pela correnteza e com um caudal fortíssimo. As margens ligavam-se por uma fila de enormes calhaus, mais ou menos alinhados, alguns ali colocados pela natureza outros pelos homens e relativamente próximos uns dos outros. Chamavam-se passadeiras. Quem se aventurasse a atravessar a ribeira, teria que o fazer saltando de calhau em calhau, o que, por vezes e para os menos afoitos, provocava escorregadelas que, para além de assustadoras, encharcavam uma boa parte da roupa. Os animais atravessavam-na a pé ou a nado. A ribeira, no entanto, não dificultava apenas as deslocações à Fajãzinha. Era por ali também que se ia às vilas ou às outras freguesias. Apenas para Ponta Delgada se virava a norte, subindo a rocha da Ponta, percorrendo um sem número de atalhos e veredas, saltando tapumes, pulando grotões e atravessando relvas para encurtar caminho.

Todas estas deslocações para além de muito difíceis eram também demoradíssimas. As ligações por mar, no Inverno, não existiam. Assim, o isolamento em que vivia a freguesia era total, absoluto e permanente. No meio deste isolamento existia uma beleza pura, original e sublime. Do cimo do Pico da Vigia podia desfrutar-se de uma vista aprazível, deslumbrante e encantadora sobre a Fajã. Talvez mesmo uma das mais belas vistas de toda a ilha das Flores.

Logo à direita de quem subia, divisava-se ao longe o oceano, ora manso e azulado, ora revolto e esbranquiçado de espuma, ornamentado pelo Monchique e pela Baixa Rasa, como que envolvendo e abraçando sem disfarce e sem vergonha, em semicírculo, a extensa fajã, delimitada a norte pelo alto do Portal e a sul pela Rocha dos Bredos. Depois, mais perto, a mancha negra, basáltica e rendilhada do baixio, com os seus caneiros e enseadas, onde se destacavam o Redondo, a Retorta, o Caneiro das Furnas, a Baia de Água e o Poceirão com o Calhau da Barra a fiscalizar passagem para o Atlântico. Mais além, espraiava-se a enorme Baía, debruada pelo Rolo, um amontoado inaudito de pedras polidas e arredondadas, estendendo-se ao longo da Ribeira das Casas e das Covas, desde o Pesqueiro de Terra ao Ilhéu do Cão, metamorfoseando-se de novo em baixio lá ao fundo, junto à rocha da Ponta. Já mais perto, a igreja rodeada pelas casas ordenadas em arruamentos simétricos, umas brancas, outras cinzentas, com os seus telhados avermelhados, aglomerando-se e misturando-se com cerrados, belgas e courelas onde florescia milho, batatas e couves. Mais perto ainda, já como que a prolongar-se pela encosta acima, pequenas pastagens e algumas terras de mato galvanizadas de um verde onde se misturavam incensos, faias, canas, fetos e cana-roca. Finalmente, mas muito distante, a norte, já para além da Ribeira do Cão, a Ponta, onde as casas se postavam em fila, muito bem arruadas na direcção da ermida da Senhora do Carmo, encravada nos contrafortes da rocha. Contrastando com o oceano e do lado oposto, um semicírculo pétreo e altivo, formado pelas rochas da Ponta, das Covas, das Águas, dos Paus Brancos, dos Lavadouros e do Curralinho, povoadas de ribeiras e de cascatas onde a água se desprendia em fluxos ritmados e refulgentes sob o verde dos socalcos e andurriais e o negro das fragas, ravinas e penhascos.

Do outro lado e a sul, a segunda parte do semícirculo. Muito ao longe as rochas da Figueira e dos Bredos a protegerem a Fajãzinha, onde as casas, tão distantes e tão pequeninas, se assemelhavam a minúsculos salpicos esbranquiçados, como que confundidos com a enorme mancha verde das terras de mato, dos campos e das pastagens. Depois a Cuada, com a velhinha Casa do Espírito Santo e pouco mais de meia dúzia de casas perdidas entre hortas e pomares, consubstanciando-se, mais adiante, na Eira-da-Quada, com o oceano extenso, resplendoroso e sempre predisposto a receber o volumoso caudal da Ribeira Grande. Finalmente a rocha da Alagoinha povoado de um número quase infinito de grotas e cascatas, muitas delas dia e noite a escorrer, fazendo transbordar o Poço da Pata, semiencoberto pelo arvoredo do Vale Fundo, do Pocestinho e da Cabaceira.

No cimo do Pico da Vigia existia uma pequena casota branca, destinada à vigia de baleia, com uma enorme fresta no mural voltado para o oceano, que permanecia sempre aberta sobre o mar para que o vigia ali sentado horas a fio, avistasse as baleias e, de imediato, lançando um foguete lá do alto, avisasse os baleeiros, entretidos cá em baixo nas suas courelas, em pequenas fainas agrícolas, de tão gratificante descoberta. Daí a razão do seu epíteto.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Fibra da cana-roca pode ser "o futuro"

A plataforma de investigação e desenvolvimento Fibrenamics acredita que as fibras são o futuro.

Nesse sentido, a plataforma internacional com base na Universidade do Minho trabalha diariamente sob o lema “Fibre the Future” - sinta o poder das fibras... Os compósitos reforçados com fibra, materiais activos, nanotecnologia e estruturas avançadas são as suas apostas.

Após análise cuidadosa do potencial de inovação na Região, a Fibrenamics chegou à conclusão que existem três áreas muito fortes para implementação de desenvolvimento nos Açores. As fibras naturais de origem vegetal (de conteira ou ananás) são um desses exemplos. Também a exploração do basalto num sector novo de aplicação para a produção da fibra de basalto, devido aos recursos endógenos, à abundância local e ao potencial enorme de mercado que este material apresenta, é outra dessas áreas. Ainda caracterizar e aplicar nanocelulose, através de valorização de resíduos essencialmente florestais, devido à exploração da madeira que é algo também muito abundante na Região.

Raul Fangueiro revelou que “a Fibrenamics instalou-se em Janeiro na NonaGon e que será a partir deste local que a plataforma irá trabalhar no terreno com as empresas e as entidades locais, numa óptica de dar a conhecer a plataforma, o que poderá trazer para a Região e conhecer de forma mais directa o tecido empresarial dos Açores, bem como estreitar ainda mais os laços com os organismos locais, como sejam a Universidade dos Açores e o Inova e também as entidades governamentais e municipais”.


Notícia: jornal «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Reabilitação do pólo de Santa Cruz da Escola Secundária das Flores “é urgente”

PSD/Açores considera que “é urgente” uma intervenção na Escola Básica e Secundária das Flores, dado “o avançado estado de degradação que aquele estabelecimento de ensino apresenta [no pólo de Santa Cruz], sendo clara a necessidade de se realizarem as obras de reabilitação já prometidas pelo Governo Regional”, disse o deputado Bruno Belo.

O deputado florentino pediu à tutela um conjunto de informações, lembrando que o comunicado do Conselho de Governo Regional de 22 de Julho de 2015 “deliberou dar início ao processo de conservação da Escola Básica e Secundária das Flores, não apontando, no entanto, um período de tempo para o fazer”.

Bruno Belo quer saber “de forma detalhada quais são as obras de reabilitação a efetuar no estabelecimento de ensino [em Santa Cruz], bem como o valor orçamentado para o efeito. Pretendemos ainda que seja avançada uma data para o início do processo de conservação da escola”.

O deputado do PSD/Açores alerta que em várias zonas do edifício “são visíveis as infiltrações, designadamente na ala onde funciona o primeiro ciclo. Para além de que a cobertura da escola [em Santa Cruz] ainda é de fibrocimento, contendo amianto, pelo que tem de ser removida o quanto antes”.

Segundo Bruno Belo, o atual estado de degradação das instalações “não proporciona as condições de conforto e de segurança necessárias a todos quantos delas usufruem”.


Notícia: "sítio" do PSD Açores e jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Fazendense luta pela subida de Divisão

A equipa masculina de ténis de mesa do Grupo Desportivo Fazendense está prestes a entrar no terço final do calendário da Zona Centro Sul da Segunda Divisão.

Com uma prestação notável na presente época, os "pretos da Fazenda" estão na luta pela subida de Divisão, tendo averbado 8 vitórias e apenas duas derrotas. Actualmente na quarta posição classificativa com 26 pontos, o GDF tem menos um jogo do que os segundo e terceiro classificados (Caselas e Oliveira do Hospital, com 31 e 29 pontos respectivamente) e menos dois jogos do que o actual líder: Os Ugas, com 32 pontos.

Por seu lado a participação da equipa feminina de ténis de mesa do Fazendense tem sido marcada por algumas dificuldades, algo que é bastante natural para quem se estreia num novo patamar competitivo nesta sua prestação na Zona Continente+Açores da Segunda Divisão nacional.

Saudações florentinas!!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Pesca está a atingir níveis preocupantes

Investigador da Universidade dos Açores alerta que o esforço de pesca está a atingir “níveis preocupantes” na Região, sobretudo em São Miguel e Santa Maria, defendendo a adopção de medidas.

“Já estamos a atingir níveis preocupantes em algumas espécies como o goraz, congro e boca negra, que são talvez as mais críticas. Ainda não atingimos situações que não tenham retorno, mas têm que ser revertidas de alguma forma”, declarou Gui Menezes.

O investigador universitário preconiza algumas ações “eventualmente de caráter mais urgente”, como a redução da faina, a criação de perímetros de defeso e a diminuição da atividade em determinadas áreas. Segundo o cientista, os índices de abundância diminuíram, sendo que nalgumas ilhas este cenário “já era muito evidente” desde há alguns anos. “Nos últimos anos, em que fizemos uma campanha nalguns montes submarinos, isso começou a ser mais óbvio”, disse o especialista do Departamento de Oceanografia e Pescas.

A situação mais crítica verifica-se nas ilhas de Santa Maria e São Miguel, onde a abundância de espécies demersais (espécies de fundo) “é muito reduzida”, de acordo com Gui Menezes. No passado assistiu-se a um “excesso” do esforço de pesca nestas ilhas do grupo oriental e as populações de pescado diminuíram, o que não tem sido “muito positivo” para os recursos, sustentou o investigador: “Vivemos numa zona muito frágil e as nossas águas são pouco produtivas. As nossas espécies naturalmente têm abundâncias baixas. Nós temos que gerir isso muito bem, até porque estamos muito isolados das margens continentais, não havendo troca de indivíduos entre a costa continental portuguesa e os Açores”.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Atrasada instalação da Estação Geodésica

Os técnicos ainda estão na fase de escolha do local onde vai ser instalada a Estação Geodésica e Espacial da ilha das Flores.

Já foram sinalizados cinco lugares e destes foram pré-selecionados três. Em princípio, o local escolhido para instalação da Estação Geodésica será a Fajã de Lopo Vaz. No presente mês de Fevereiro estão a ser realizados trabalhos de prospeção de solo nos três sítios pré-selecionados.

A escolha da ilha das Flores para instalar esta Estação Espacial não deixa de ser curiosa: o vento é o "inimigo número um" da recepção de dados mas a ausência de actividade sísmica é sem qualquer dúvida o "bem maior", explica Luís Santos, sub-director da RAEGE. O receptor da Estação Geodésica florentina será construído na ilha de Santa Maria.

Tal como a Estação de Santa Maria, a futura Estação florentina irá fazer parte da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE), um projeto do Governo Regional dos Açores e do Governo de Espanha, orçado em 25 milhões de euros, co-financiado com verbas europeias e que prevê a construção de quatro estações deste tipo, duas em Espanha e duas no arquipélago açoriano.


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
De relembrar que já em 2008 e em 2009 foi prometido por governantes regionais a instalação da Estação Geodésica na ilha das Flores...

Saudações florentinas!!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

«Brumas e Escarpas» #98

Moinho e moenda

“Moinho parado não cobra moenda.” Mais um interessantíssimo provérbio muito utilizado antigamente na Fajã Grande e com características tipicamente açorianas, nomeadamente da ilha das Flores e mais concretamente da Fajã Grande, onde o moinho na década de 1950 ainda era rei e senhor porque fundamental na limitadíssima economia da mais ocidental freguesia portuguesa. Este adágio, que se aplica na plenitude do seu significado a um quotidiano de trabalho exaustivo, intenso e contínuo do povo da Fajã Grande dos tempos antigos, parece ser a tradução ou adaptação de um outro muito conhecido e também muito comum nas ilhas: Barco parado não ganha frete.

Na Fajã Grande, na verdade, assim como os moinhos ou os barcos, os humanos quase não podiam estar parados a descansar. A vida agrícola a que se dedicavam a tempo inteiro, a que se associava a pecuária, era muito exigente, para além de cansativa, árdua e trabalhosa. Não dava tréguas. Era necessário trabalhar durante todo o dia e muitas vezes prolongar o trabalho pela noite dentro ou iniciá-lo alta madrugada. Parar para descansar ou, ainda pior, por preguiça, era sinal de que os produtos agrícolas teriam menos qualidade ou nem chegariam a crescer, feneceriam por completo, por isso era necessário, contínua e permanentemente, incentivar o povo e fazer apelos a que se trabalhasse. O moinho a girar dia e noite, com as águas das ribeiras era, indubitavelmente, um dos melhores exemplos para acicatar a atividade laboriosa dos habitantes da Fajã Grande, até porque os moinhos de água terão surgido na freguesia, muito provavelmente, desde os primórdios do seu povoamento, fazendo parte do seu património e da sua história.

Recorde-se que, na Fajã Grande, o moinho era a única instalação destinada à pulverização dos grãos de milho, fazendo-o por meio de mós, movidas pela água das ribeiras que corria sem cessar durante todo o ano, inclusive nos meses de Verão. O termo moinho terá a sua origem no latim molinum, vocábulo originado do verbo molo, que significa moer, triturar cereais ou fazer rodar a mó. Sabe-se hoje que o moinho de água é muito antigo e terá surgido, muito provavelmente, no século II d. C. sendo já usado pelos gregos e pelos romanos, que depois o espalharam pela Europa, tendo chegado aos Açores por altura do povoamento, uma vez que as ilhas eram ricas em cereais, na altura o trigo. Serviam, como indica a sua etimologia, para moer os cereais e transformá-los em farinha. É um engenho muito simples e que foi utilizado durante praticamente dois milênios, permanecendo ainda hoje em uso nalguns lugares, embora mais com o sentido museológico do que utilitário.


Os antigos moinhos da Fajã Grande desapareceram. Quase todos estão em ruínas e um foi recuperado mas como casa de turismo. O único moinho recuperado e em atividade está situado a Sul, na fronteira entre a Fajã Grande e a Fajãzinha. Trata-se do chamado moinho da Alagoa, o qual existe há quase século e meio, pois ostenta no frontispício a data de 1869. Detentor de um duplo engenho, o moinho da Alagoa labora através do aproveitamento da força da água da ribeira da Alagoa e na década de 1950 moía para os habitantes da Fajãzinha e para os da Cuada. Hoje mói para toda a ilha das Flores.

Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Memorial aos combatentes no Ultramar

No dia 25 de Julho do ano passado, o Município de Lajes das Flores inaugurou um memorial de homenagem aos combatentes na Guerra do Ultramar, no Largo do Forte de Santo António, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Na cerimónia usou da palavra o presidente da Câmara Municipal que salientou o papel daqueles que muito deram pelo seu país, intervieram ainda na cerimónia o padre Ruben Medeiros que procedeu à inauguração do monumento e o padre José Trigueiro que procedeu a uma evocação à memória dos antigos combatentes, tendo a cerimónia terminado com o hino nacional entoado por todos os presentes.

Este trabalho vídeo também testemunha o que um grupo de antigos combatentes faz todos os anos: um almoço/jantar convívio onde o tema de conversa é a vida militar com todos os seus altos e baixos inerentes...

Muito obrigado a todos os que colaboraram neste trabalho, bem como todos os que tornaram possíveis estas imagens.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Recolha de resíduos em Santa Cruz

No ano de 2015, o Município de Santa Cruz das Flores recolheu um total de 1.032 toneladas de resíduos.

O lixo indiferenciado destaca-se com 802 toneladas (representando 78% dos resíduos recolhidos), seguindo-se o vidro (76 toneladas), o papel e cartão (73 toneladas) e os plásticos e embalagens (47 toneladas). A quantidade recolhida de monos/monstros e óleos alimentares totalizaram 21 toneladas e os plásticos agrícolas recolhidos chegaram às dez toneladas.

Para que a Câmara Municipal de Santa Cruz possa continuar a recolher o lixo sem que os seus munícipes tenham que pagar uma taxa mensal, é muito importante que todos sem excepção façam a separação antes de colocar os resíduos nos respectivos ecopontos.

Também de referir que, de acordo com o relatório anual de controlo da qualidade da água para consumo humano (publicado pela ERSARA), a água fornecida no concelho de Santa Cruz das Flores regista pelo quinto ano consecutivo o cumprimento integral dos valores paramétricos, o único município dos Açores a registar esse cumprimento durante os últimos 5 anos.


Fonte: Boletim municipal de Santa Cruz das Flores - Dezembro 2015.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Belezas do ponto + ocidental da Europa

Durante o passado Verão, o portal Green Savers publicou alguns trabalhos fotográficos de Luís Afonso, um talentoso fotógrafo de 43 anos que tem documentado o património natural de muitos dos mais fascinantes locais de Portugal. Muitos recantos portugueses foram alvo da objectiva daquele fotógrafo. Um deles é a ilha das Flores.

“Tentar encontrar o local mais belo de Portugal não é fácil, pois embora seja um país pequeno, a paisagem é variada e os contrastes são muitos. Mas se tivesse de escolher um, certamente a ilha das Flores estaria na primeira posição”, revelou Luís Afonso.

“A ilha das Flores é um verdadeiro paraíso natural, com as suas inúmeras lagoas de origem vulcânica, as suas magníficas cascatas, o mar de uma transparência pouco habitual e um verde como não há igual em mais lado nenhum”, continua o fotógrafo. “Aqui, a nativa floresta laurissilva está ainda em estado puro, havendo locais em que se percebe que estamos mesmo perante o genesis da Terra”.

Luís Afonso passou apenas seis dias na ilha das Flores, que faz parte do Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores. Ainda assim, revela agora, poderia perder lá “o resto da vida. É o local ideal para quem ama a natureza de verdade”.


Notícia: portal Green Savers.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Campanha de sensibilização pela redução do (ab)uso de sacos plásticos nos Açores

A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores anunciou o lançamento da campanha 'Não meta os Açores num saco', para sensibilização contra a utilização de sacos plásticos antes do início da cobrança de taxas.

A iniciativa surge na sequência de um diploma aprovado em 2015 na Assembleia Regional, que determina a cobrança de 4 cêntimos por cada saco plástico a partir de Abril deste ano nas grandes superfícies comerciais e a partir de Abril de 2017 no comércio tradicional.

"Como sabem, os sacos plásticos são um produto que traz inúmeros impactos ambientais e é um problema atual de todas as sociedades modernas", lembrou o secretário regional da Agricultura e Ambiente.

Luís Neto Viveiros referiu que em toda a Europa se atingem "números impressionantes" de consumo de sacos plásticos que é necessário contrariar, com medidas de sensibilização: "Estamos a falar em médias de cerca de 500 sacos plásticos por habitante, por ano, na Europa, o que significa que, em termos de toneladas, andamos à volta de três milhões de toneladas por ano". Estes "números assustadores" são também preocupantes para regiões insulares como os Açores, uma vez que "a não degradação dos plásticos" e o seu eventual encaminhamento para as águas do mar podem causar "problemas ambientais".

O secretário regional que tutela o Ambiente salientou que a taxa de 4 cêntimos por saco plástico que a partir de Abril entrará em vigor nas grandes superfícies comerciais da região representa apenas 40% do valor da taxa que está em vigor no Continente. Segundo Neto Viveiros explicou, a diferença reside no facto de que nos Açores a taxa será aplicada a todos os sacos plásticos, enquanto no resto do país abrange apenas os sacos de pequena gramagem.

A legislação regional que pretende evitar o consumo de sacos plásticos (inicialmente proposta pelo PCP) determina também que a publicidade impressa nos sacos plásticos não possa ultrapassar 20% da superfície total do saco e que seja acompanhada de uma mensagem anticonsumo de sacos plásticos.


Notícia: «Açoriano Oriental», «TeleJornal» da RTP Açores e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Fazendense a meio da tabela no futsal

O mau tempo impossibilitou a ida no passado fim-de-semana da equipa de futsal do Grupo Desportivo Fazendense à cidade da Lagoa, onde iria enfrentar o Atalhada Futebol Clube. Dos três jogos que ainda faltam para o GDF disputar nesta primeira fase da Série Açores da Segunda Divisão nacional de futsal, apenas a jornada final será disputada na ilha das Flores, quando a equipa do Matraquilhos visitar o Pavilhão das Lajes a 27 de Fevereiro.

Recorde-se que as equipas que nesta primeira fase fiquem classificadas entre o segundo e o oitavo lugares vão decidir a manutenção e descidas na fase final da Série Açores a apenas uma volta, partindo com metade dos pontos obtidos na primeira fase. Descem às provas de ilha os três últimos classificados.

Saudações florentinas!!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Colocação de resíduos na pedreira

Como anteriormente foi informado, a Câmara Municipal das Lajes dispõe de um espaço na pedreira onde os seus munícipes podem colocar material verde e entulho proveniente de construções. Contudo verifica-se que o espaço tem sido utilizado indiscriminadamente para colocação de todo o tipo de resíduos, o que origina que aquele espaço mais pareça uma lixeira.

Para evitar esta situação o Município das Lajes tem um funcionário à entrada da pedreira com a responsabilidade pelo controle da entrada de resíduos naquele espaço, pelo que se relembra à população que ali apenas deverá ser depositado material verde e entulho, sendo que todos os restantes tipos de resíduos (eletrodomésticos velhos, madeiras, plásticos, etc) devem ser entregues no Centro de Resíduos. Essa entrega no Centro não acarreta nenhuma despesa para os munícipes, uma vez que essas despesas são asseguradas pelo Município.

Recordamos que a Câmara das Lajes recolhe mensalmente este tipo de resíduos (material verde e entulho), e se houver necessidade de o fazer extraordinariamente (havendo uma grande quantidade para recolha) basta contatar os serviços municipais para efetuar o devido agendamento da recolha.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

«Brumas e Escarpas» #97

Frascos de xarope a servirem de biberões e leite aquecido em candeeiros a petróleo

Muito tiveram que inventar os nossos antepassados! Não apenas no seu dia-a-dia mas também e sobretudo nos momentos ou ocasiões mais importantes e significativas da sua vida, como eram aquelas em que nascíamos e íamos crescendo no meio de enormes dificuldades, com excessivas carências, limitadas condições e pouquíssimos meios de conforto e bem estar.

Fixemo-nos num pormenor aparentemente muito simples: o dos nossos biberões. Nos tempos em que nos criámos, na década de 1940, não havia plásticos ou afins e, consequentemente, não existiam biberões com a forma, a qualidade, a performance e a excelência dos actuais. Aliás, nem sequer nenhuns biberões de outra coisa qualquer havia e se os houvesse não era possível comprá-los por parte da maioria das famílias da Fajã Grande. Assim, aos nossos progenitores só se proporcionava uma alternativa: a de inventar. Havia que inventar não apenas os biberões mas tudo o resto necessário ao nascimento e ao subsequente crescimento de uma criança. Para o nascimento inventou-se a velha do Corvo, que daquela pequenina ilha trazia os meninos numa cestinha. Mas inventar ou arranjar biberões não era assim tão fácil como criar a figura mítica duma velha vinda do Corvo. É que os recipientes de vidro também eram raros e a maioria desadequados, não apenas na forma mas também no tamanho. Imagine-se o que seria dar de mamar a uma simples e inocente criancinha numa garrafa de litro, uma vez que estas eram praticamente as únicas então existentes, resultantes da venda de vinho, aguardente ou licores por parte dos comerciantes. As de cerveja e laranjada eram cilíndricas e muito escorregadias e as de pirolito tinham uma bola no gargalo que impedia a saída do leite.

Sendo assim e perante tais dificuldades e limitações, havia que procurar frascos mais adequados para biberões noutras paragens, recorrendo-se frequentemente aos frascos de medicamentos, geralmente os dos xaropes, dado que estes eram mais pequenos, ligeiramente achatados e, obviamente, mais adequados a que as frágeis mãozinhas os agarrassem, dado que as mães não tinham muito tempo para os ir segurando durante a mamada. Era pegar e mamar. Assim, recorria-se geralmente aos frascos de xarope BenzoDiacol, usados contra a tosse e por isso existentes em maior quantidade e mais adequados por duas razões: porque o gargalo onde se enroscava a tampa tinha muitas voltas, sendo assim mais fácil prender a “mamadeira” e, por outro lado, eram bastante espalmados permitindo ao fedelho segurá-los melhor, enquanto bebia o delicioso, agradável e reconfortante leitinho.

Quanto ao leite, normalmente era fervido num caldeirão próprio, bastante mais pequeno do que os caldeirões de cozinhar. Mas não era possível estar a fervê-lo ou aquecê-lo ao lume sempre que a criancinha tivesse fome. Custava muito acender o lume com garranchos verdes e, além disso, só para aquecer um pingo de leite... Microondas? Nem na imaginação ou em sonhos... Daí recorrer-se a algo acessível e fácil mas nem sempre eficiente e eficaz, ou seja, por vezes não se alcançava o objectivo desejado, sendo nesse caso “pior a emenda do que o soneto”. Para aquecê-lo colocava-se o leite num pequeno caneco de alumínio e este em cima do fogão de vidro de um candeeiro a petróleo, daqueles que tinham um rendilhado ou uma espécie de flor na parte superior do vidro chaminé. Uma pequena distracção e estava, neste caso em vez do caldo, o leite derramado, com a agravante de sujar e besuntar não apenas o caneco mas também o candeeiro e, muito especialmente, o fogão da luz que ficava num estado de sujidade impressionante e que só poderia ser limpo depois de arrefecer.

Tantas eram as consumições! Tantas eram as arrelias. Talvez por isso mesmo deixávamos de mamar nos biberões bastante cedo e nos habituávamos a beber o leitinho pelas tigelas de loiça, por canecos de alumínio ou até pelas tampas das latas em que se ordenhavam as vacas. E nem um pingo se derramava!


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Quinto melhor Destino Europeu em 2016

Os Açores ficaram em quinto lugar na votação para Melhor Destino turístico Europeu de 2016, uma votação que envolveu perto de 300 mil pessoas e que escolheu a cidade croata de Zadar como o grande destino.

A Região era o único representante português na lista de 20 destinos do presente ano, com a cidade croata de Zadar a ser considerada o destino europeu para este ano. À frente dos Açores ficaram ainda Atenas (na Grécia), Plovdiv (na Bulgária) e Nantes (em França), enquanto atrás da Região ficaram capitais europeias como Paris, Bruxelas, Roma, Viena e Madrid.

Em anos anteriores, as cidades de Lisboa (2010) e Porto (2012 e 2014) já foram consideradas melhor destino turístico europeu.


Notícia: «Açoriano Oriental» e suplemento «Fugas» do «Público».
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Fajãzinha produziu Bailinho de Carnaval

O calendário actual reserva esta época do ano aos festejos carnavalescos. Nos Açores essa tradição é mantida em todas as ilhas, sendo que algumas levam ao rubro e outras nem tanto. Desde há muitos anos que a ilha das Flores não foge à regra e traz às ruas e palcos florentinos as suas danças de Carnaval, que por cá têm características diferentes das restantes ilhas.

Este ano a freguesia da Fajãzinha ensaiou uma ideia conjunta de levar à rua um Bailinho de Carnaval à moda da Terceira. Assim, após contactos com pessoas, juntou-se esforços em comunhão com muitas boas vontades, muitas horas de ensaios... eis que na data prevista a freguesia da Fajãzinha apresentou ao público o seu Bailinho de Carnaval "Um segredo bem guardado". Com elementos cheios de garra, correram a ilha das Flores de lés-a-lés apresentando o seu bailinho.

Costa Ocidental esclarece: devido à temática escolhida pelos autores do trabalho aqui apresentado, algum vocabulário, expressões e imagens são consideradas para adultos. Assim, as mesmas são da responsabilidade dos seus autores, bem como dos intervenientes.

Obrigado ao grupo/bailinho, ao salão da Junta de Freguesia da Fazenda (onde foram captadas estas imagens). À senhora Iolanda Arruda, a Gabriela Silva e a todos os que tornaram possíveis estas imagens. Obrigado especial à Luísa Silveira pela imprescindível ajuda.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

AtlânticoLine vai fazer estadias maiores

A empresa pública AtlânticoLine quer reforçar o número de ligações marítimas de passageiros e viaturas nos Açores durante a operação deste Verão, mas não sabe ainda com que barcos vai operar.

O presidente do conselho de administração garantiu que a AtlânticoLine vai “reforçar as ligações marítimas de passageiros e viaturas, durante o Verão, para todas as ilhas do arquipélago”. João Ponte anunciou também que a empresa vai aumentar a sua oferta nas ligações para as ilhas das Flores e do Corvo, prevendo um aumento no número de viagens e alargando o período de estadia do navio naquelas ilhas do grupo ocidental.

A AtlânticoLine está ainda a preparar o lançamento de um outro concurso público internacional para a construção de dois novos navios, para assegurar ligações marítimas de passageiros e viaturas nos Açores durante todo o ano. “Neste momento está a decorrer um processo junto das autoridades europeias, no sentido de autorizar a abertura do procedimento”, informou João Ponte, acrescentando que “muito dificilmente será possível” ter novos os ferries a operar no arquipélago antes de 2019.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

"A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer-se dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular!"

A Comissão Parlamentar de Inquérito ao transporte marítimo de passageiros nos Açores, desencadeada após vários acidentes com cabeços de amarração (um dos quais mortal), terminou sem atribuir responsabilidades políticas, como sugeria a proposta de relatório final.

“Não é possível, objetivamente, assacar responsabilidades políticas ao Governo Regional, para além da responsabilidade de tudo fazer no que estiver ao seu alcance para reduzir no mínimo possível os riscos para que situações destas voltem a acontecer”, refere uma das conclusões do relatório final, aprovado pelo PS, com a abstenção do CDS-PP e PCP, e os votos contra do PSD.

A decisão tem por base o trabalho desenvolvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito, sobretudo a documentação entregue, os relatórios periciais sobre os acidentes, as audições e as conclusões, outra das quais aponta para peritagens e relatórios não coincidentes na identificação dos factos que poderão ter originado os acidentes, “sendo certo” que os depoimentos prestados também “não permitiram afastar esta inconclusividade”.

Cláudio Lopes, deputado do PSD, sublinhou que “em cinco meses houve quatro cabeços de cais que foram arrancados, sendo que um deles atingiu um passageiro”, considerando que se está “perante uma situação anormal e fatal”.

Para Zuraida Soares, do Bloco de Esquerda, “a grande conclusão que o PS traz é que, relativamente ao acidente mortal”, a vítima “estava no sítio errado, à hora errada”. Referindo que das 39 propostas de conclusão apresentadas pela mesa, 29 foram alteradas ou eliminadas pelo PS, Zuraida Soares acusou os socialistas de terem limpado “todo o caminho de audições, de pareceres e de documentos, no sentido de chegar à conclusão que não é possível chegar a alguma responsabilidade política”.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental» e RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Visita da Imagem Peregrina de Fátima

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou à ilha das Flores no passado dia 3 de Fevereiro, tendo sido recebida na vila de Santa Cruz.

Um grupo de funcionários e colaboradores da Câmara Municipal de Santa Cruz ornamentou algumas das principais ruas da vila, prestando assim a sua homenagem a Nossa Senhora de Fátima.

Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.

No dia 4 [passada quinta-feira] a imagem rumou ao concelho das Lajes, onde foi acolhida à entrada da vila, seguindo em procissão de velas até à Matriz das Lajes, visitando o Lar de idosos de Lajes das Flores. Ao longo do dia seguinte a Matriz das Lajes acolheu a Imagem Peregrina com animação pelas crianças, adolescentes, idosos, paróquias e fiéis de toda a ilha.

A Câmara Municipal das Lajes associou-se a esta cerimónia, tendo colaborado com a Ouvidoria das Flores nos preparativos desta visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Darwin não encontrou frangos-d’água

Se Charles Darwin tivesse chegado 500 anos antes aos Açores talvez pudesse ter usado os parentes dos frangos-d'água açorianos para alimentar a sua teoria da evolução e de adaptação aos ambientes onde viviam.

Em Setembro de 1836, após mais de quatro anos a viajar pelo mundo a bordo do navio Beagle e quando se preparavam para voltar ao Reino Unido, o naturalista britânico Charles Darwin visitou o arquipélago dos Açores. No seu diário descreveu estorninhos, alvéolas, tentilhões e melros, mas nas ilhas existiam também restos de outras aves que as tinham habitado vários séculos antes da visita de Darwin. Um estudo agora publicado na revista científica «Zootaxa» destaca a descoberta de cinco espécies de aves extintas – parentes do frango-d’água atualmente existente em Portugal -, duas na Madeira e três nos Açores.

A exploração paleontológica conduzida por investigadores espanhóis, alemães e portugueses permitiu “descobrir estas espécies de aves desaparecidas provavelmente após a chegada dos seres humanos e dos animais que os acompanhavam, como ratos, ratazanas e gatos“, disse Josep Alcover, co-autor do estudo e investigador do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados.

De acordo com as datações dos ossos, ou pela datação das espécies que apareciam associadas, essas cinco espécies extintas viveram até há bem pouco tempo, especialmente as espécies dos Açores. “Pelo menos uma das espécies sobreviveu até o século XV, por isso temos um processo muito recente de extinções”, enfatizou o investigador.

Os restos de esqueletos de aves endémicas que foram agora descobertos mostram que, “se Darwin tivesse sido capaz de estudar os fósseis escondidos nestas ilhas ou se tivesse visitado as ilhas 500 anos antes, tinha encontrado uma fauna cheia de aves endémicas, como a que encontrou nas Galápagos”, disse Josep Alcover.

Estima-se que no Pacífico viveram cerca de dois ou três mil espécies destes frangos-d’água insulares. Mas apenas sobreviveram nas ilhas mais remotas do Atlântico. No Caribe, Bermudas e nas ilhas da Ascensão e Santa Helena já só foram encontradas espécies extintas.

Os restos fósseis que agora foram encontrados nos arquipélagos da Madeira e dos Açores refletem uma parte da diversidade destas ilhas e que só agora se começa a conhecer. Às cinco espécies descritas neste trabalho juntam-se outras, como duas espécies endémicas de coruja. “São apenas a ponta do iceberg do que está por descobrir sobre a fauna ornitológica original destas ilhas”, admitem os autores.

“A existência de corujas e frangos-d’água no passado aponta para a magnitude da devastação sofrida pelas aves nas ilhas do Atlântico após a chegada dos seres humanos e dos animais que os acompanhavam”, concluem os cientistas.


Notícia: jornal online «Observador», «Público» e «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

«Brumas e Escarpas» #96

Pás e varredouros

Na década de 1950, cozer pão era um hábito semanal em quase todas as casas da Fajã Grande. Geralmente cozia-se pão de milho, de vez em quando de trigo e, muito raramente, de mistura, feito com farinha daqueles dois cereais.

Para cozer pão eram necessários alguns meios e vários utensílios domésticos. Entre estes últimos destacavam-se as pás e os varredouros.

Quanto às pás, existiam geralmente duas em cada casa. Uma maior e mais grosseira ou tosca, destinada à cozedura do pão de milho e uma outra mais pequena, mais fina e de melhor qualidade, para o pão de trigo. As pás eram feitas de madeira e constituídas por duas partes: o cabo e a pá propriamente dita. As pás usadas na confeção do pão de milho eram, geralmente, de fabrico caseiro. Cada qual construía a sua pá. Para isso munia-se de uma comprida vara de madeira rija e cilíndrica, cortada nas terras de mato, que depois de seca era limpa de cascas e nós, na ponta da qual se pregava um pedaço de tábua, de forma arredondada. A parte da frente desta tábua, ou seja, a parte oposta ao cabo era afiada, como o gume de uma faca. Assim ficava mais fina, a fim de, por um lado, a padeira conseguir empurrá-la para baixo do pão cozido, pegando-lhe e retirando-o do forno com mais facilidade, mas também para, antes de cozido, o colocar no forno de forma adequada e no lugar que desejasse. A pá usada na cozedura do pão de trigo, bastante mais fina e leve, tinha forma semelhante, mas era constituída por uma peça única, também de madeira, sendo a pá uma continuidade do cabo. Estas pás, assim como muitas das usadas para o pão de milho eram feitas por carpinteiros. Havia vários na freguesia.

Por sua vez os varredouros, destinados a varrer o forno, eram sempre de fabrico artesanal, sendo geralmente a própria mulher que cozia o pão que os fabricava. Para tal necessitava de um pau ou vara semelhante ao cabo da pá. Depois amarrava-lhe numa das extremidades uma mancheia de ramos de árvore, recorrendo geralmente às que existiam mais à mão: faia-do-norte, loureiro, faia, sanguinho e, na ausência destes, a fetos ou cana roca. Havia também quem substituísse a verdura por umas tiras de pano, retiradas de roupas já não usadas, o que, embora tendo a vantagem de poder ser usado em várias cozeduras, exigia que estivesse constantemente a ser molhado em água para que o pano não ardesse.

Mas para além de varrer o forno e padejar o pão em cru ou já cozido, era necessário puxar as brasas para fora da porta, colocando-as amontoadas em cima de uma espécie de peanha que existia fora da porta, a fim de se manter por mais tempo o calor do forno. Essa difícil operação era efetuada com uma espécie de pá virada. Numa das pontas de um pau, igualmente semelhante ao cabo da pá ou do varredouro, era pregada uma tábua retangular, formando uma espécie de sacho e que, por vezes tinha uma outra finalidade: empurrar o pão já colocado no forno para se adequar mais o espaço aos que lá dentro ainda era necessário colocar.

Enfim... Trabalhos e esforços notáveis estes e muitos outros, os dos nossos antepassados.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Danças e Bailinhos do Carnaval 2016

Vão acontecer Encontros de Danças e Bailinhos de Carnaval no domingo (dia 7) na Casa do Povo das Lajes e na terça-feira (dia 9) no Museu municipal de Santa Cruz.

Ambos os encontros de Danças e Bailinhos de Carnaval devem iniciar-se pelas 20h30, contando com a presença do Bailinho aberto à moda da Terceira "Um segredo bem guardado" (da freguesia da Fajãzinha), da Dança de Carnaval de Ponta Delgada, da Dança de Carnaval das Lajes e da Dança de Carnaval "Mulheres atrevidas" (de Santa Cruz).
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

João Serafim Freitas: a luta de uma vida

Por imperativo das condições de uma viagem, Costa Ocidental teve que pernoitar na ilha de São Miguel, onde surgiu a oportunidade de estar à conversa com uma pessoa muito interessante que tem pautado a sua vida por abraçar os negócios, investindo no ramo dos transportes de mercadorias, pessoas e no ramo hoteleiro tem a sua maior aposta, que ainda mantém actualmente gerindo duas hospedarias, uma no Faial (Hospedaria Jsf João Freitas​) e outra em São Miguel (Hospedaria JomaFreitas​).

João Serafim de Freitas é um florentino que deixou a sua ilha aos catorze anos, mas é com enorme orgulho que diz, sempre que lhe perguntam de onde é, “sou da ilha das Flores”. Este ilustre florentino deixou o seu testemunho de vida, bem como muitas outras coisas interessantes para registo.

Obrigado ao senhor João Serafim de Freitas e à Hospedaria JomaFreitas, onde foram captadas estas imagens. Obrigado a todos que, de uma forma ou de outra, tornaram possíveis estas imagens.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

“Os cuidados de saúde na ilha das Flores têm melhorado substancialmente”, sublinhou Manuel Pereira

O deputado do PS rejeitou as críticas tecidas pelo PSD acerca do funcionamento da Unidade de Saúde de Ilha das Flores, realçando que revelou “um confrangedor desconhecimento dos cuidados de saúde prestados na ilha das Flores”.

Manuel Pereira destacou que nos últimos tempos verificou-se uma “substancial melhoria nos cuidados de saúde prestados aos florentinos, com a Unidade de Saúde de Ilha a proporcionar consultas em diversas especialidades”. O deputado socialista frisou que houve “um aumento significativo de consultas de especialidade na Unidade de Saúde das Flores”.

Manuel Pereira destacou a “desorientação e o desconhecimento da realidade florentina por parte do PSD”, quando aquele partido reclama a “deslocação semanal de um médico de medicina geral e familiar ao Posto de Saúde das Lajes”, ignorando que “isso já acontece, inclusivamente com deslocações a todas as freguesias, uma vez que a Unidade de Saúde das Flores possui um posto móvel”.

No âmbito da prevenção, Manuel Pereira realçou que “já foi iniciado em todas as freguesias florentinas o rastreio do Programa de Hipertensão e Diabetes, com deslocação de uma equipa composta por enfermeiro, nutricionista, médica dentista e psicóloga”, prevendo-se para breve o arranque do rastreio do cancro do cólon.

“Neste momento decorrem obras para instalação de uma cadeira de dentista no Posto de Saúde das Lajes; com esta medida, aquele Posto de Saúde terá valências que nunca teve. Reconhecemos que, por vezes, nem tudo corre como gostaríamos ou ambicionávamos. Mas orgulhamo-nos do nosso património e trabalhamos todos os dias para fazer mais e melhor pela saúde de todos. Os florentinos podem sentir-se tranquilos e não dar grande atenção ao alarmismo que o PSD pretende criar em ano de eleições”, concluiu o socialista Manuel Pereira.


Notícia: "sítio" do PS/Açores e jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Hoje é Dia Mundial das Zonas Húmidas

Portugal tem 80% das zonas húmidas ameaçadas devido a pressões urbanísticas, áreas fundamentais para prevenir e minimizar efeitos de cheias e inundações, alerta a associação ambientalista Zero, que defende a criação de planos de salvaguarda.

"Temos, neste momento, 80% das nossas zonas húmidas ameaçadas, porque estão muitas vezes no litoral e sofrem muitas pressões de expansão urbana turístico-imobiliária, pois são muito apetecíveis para o desenvolvimento desses projetos", disse Carla Graça, da associação ambientalista Zero.

Estas zonas "são fundamentais em termos de capacidade de retenção de água, para prevenir e minimizar os efeitos das cheias e das inundações", exemplificou a especialista da associação ambientalista Zero. A propósito do Dia Internacional das Zonas Húmidas, que hoje se assinala, Carla Graça defende que são áreas "muito importantes para a regulação do ciclo hidrológico, fundamental para as atividades humanas e para o equilíbrio, quer ecológico, quer social".

"Assistimos muitas vezes a tomadas de decisão pouco transparentes, fazem-se estudos, nomeadamente de impacto ambiental, que servem para fundamentar decisões que já estão previamente tomadas, quando devia ser exatamente ao contrário", denuncia a responsável da associação Zero.

Atualmente estão em consulta pública os planos de gestão de região hidrográfica e os planos de gestão de riscos de inundações, que fazem parte das medidas de retenção natural de água, preconizadas pela Comissão Europeia. Apesar da proteção legal, aponta a associação ambientalista Zero, "81,6% dos habitats relacionados com as zonas húmidas encontram-se degradados".

As zonas húmidas e os aquíferos são decisivos na regulação do ciclo hidrológico e, em caso de inundações, contêm e abrandam a força das águas, através dos processos de infiltração. Abrigam milhares de espécies animais e vegetais e fornecem serviços de ecossistema às comunidades humanas, nomeadamente regulação climática, proteção costeira, alimentos e a maior parte da água para consumo.

Na ilha das Flores as lagoas estão incluídas como zonas húmidas, sendo a zona do Planalto Central - Morro Alto designada por sítio Ramsar, a segunda maior área nos Açores.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Algumas explicações sobre "explosões" que assustaram a população florentina

Resposta do Ministério da Defesa Nacional ao requerimento do deputado comunista António Filipe sobre acontecimento que assustou população.

No passado dia 18 de Dezembro, um grupo de aeronaves militares francesas (constituído por duas formações de três aviões de combate e respetivas aeronaves abastecedoras) fez escala técnica na Base Aérea 4 (nas Lajes, ilha Terceira) na sua deslocação entre os Estados Unidos e França, autorizada ao abrigo de autorizações permanentes de sobrevoo e aterragem entre estados.

Durante o voo, a segunda formação do grupo de aeronaves sobrevoou a 9 mil metros de altitude a ilha das Flores em velocidade supersónica, o que originou um estrondo, também designado por "sonic boom".

De imediato, o comandante da Zona Aérea dos Açores determinou um processo de averiguações e contatou o adido militar da Embaixada de França em Lisboa, participando-lhe o ocorrido e informando-o da sua decisão.

Quando as aeronaves aterraram na Base Aérea 4 (na ilha Terceira), iniciaram-se os procedimentos habituais de inquérito, o que permitiu concluir que situação se ficou a dever a uma avaliação deficiente por parte do comandante do grupo de aeronaves em causa. Este justificou o sucedido com a necessidade de consumir combustível excedente, procurando através da velocidade supersónica criar uma condição de peso mais favorável para a aterragem em segurança das aeronaves. Declarou ainda que o facto de não estar familiarizado com a região, associado às condições de nebulosidade intensa na altura, impossibilitou a visualização cabal e detalhada da ilha das Flores.

As conclusões do processo foram transmitidas ao adido militar da Embaixada de França, tendo em vista a difusão da informação por forma a evitar que situações similares ocorram no futuro.

Note-se que o caso em apreço não pode ser confundido com a execução de exercícios militares. No caso de exercícios ou treinos militares que incluam forças e meios estrangeiros existe um planeamento detalhado, com autorização a vários níveis incluindo político, de acordo com as regras nacionais e internacionais estabelecidas. E nessas situações (não foi este caso) a operação dos meios e equipamentos, que aqui se considera com a expressão de "manobras militares", que possam implicar qualquer perturbação para as populações é sempre minimizada e atempadamente objeto de aviso das povoações que possam ser envolvidas.


Notícia: jornal «Diário dos Açores».
Saudações florentinas!!