domingo, 27 de março de 2016

O turismo só é/será bom para os Açores, se for bom também para quem cá vive

A liberalização das ligações aéreas para São Miguel está em vigor há um ano e fez aumentar a procura e a oferta turística em 2015, ano em que se bateram todos os recordes nas dormidas dos hotéis e no número de passageiros nos Açores. Depois do “ano zero”, o arquipélago está à procura do modelo perfeito.

No dia 29 de Março de 2015 chegou à ilha de São Miguel o primeiro voo da RyanAir, que passou a fazer ligações diárias entre Porto e Lisboa até à principal cidade do arquipélago. No dia 2 de Abril a EasyJet começou a ligar Lisboa e Ponta Delgada.

O ano de 2015 foi o ano de todos os recordes: 1,5 milhões de dormidas em todas as tipologias (crescimento de 20%), quase 30% de aumento dos passageiros movimentados (cerca de 1,3 milhões de passageiros embarcados e desembarcados só em São Miguel, segundo a Vinci, proprietária do aeroporto de Ponta Delgada) e há 264 novas empresas de animação turística licenciadas.

Mas nem os muitos turistas, comerciantes, residentes ou mesmo os responsáveis políticos regionais se permitem a lançar foguetes e fazer já a festa. Vítor Fraga, secretário regional dos Transportes e do Turismo e autor deste novo modelo de acessibilidades, é o primeiro a admitir que “não há modelos perfeitos”. E este está, desde já, sujeito a revisão.

A alteração à política de mobilidade para a Região resume-se em dois passos. O primeiro é o que transforma os Açores num único aeroporto e cada uma das suas ilhas num terminal — a política de reencaminhamento implica que quem está no Continente pague o mesmo quer vá ou não para um dos “terminais” liberalizados (as gateways de Ponta Delgada, onde já há concorrência de mercado, e de Angra do Heroísmo, que ainda não despertou a apetência das low cost). O segundo passo foi deixar de pagar às companhias que prestam serviço público entre ilhas o subsídio de mobilidade, para passar a reembolsar aos passageiros o que despenderam nas tarifas acima do valor definido pelo Estado (86 euros por pessoa). Esta nova política deve continuar a custar os mesmos 16 milhões de euros que o Governo da República sempre pagou como subsídio à mobilidade dos açorianos. Mas, repete Vítor Fraga, “é um modelo sujeito a avaliação e a revisão”.

Faz sentido olhar para os números, não apenas do último ano, mas desde 2012. Foi, de facto, quando este modelo de acessibilidades começou a ser trabalhado. Foi também a altura em que o destino Açores começou a merecer mais atenção dos media internacionais e a posicionar-se como um destino de eleição no turismo sustentável e de natureza. “Mudámos a política de comunicação. Continuámos a promover a natureza, mas falámos para o turismo activo, em vez do turismo contemplativo. Sofremos muito com as restrições económicas que sentiu o nosso principal mercado emissor, e que ainda é o Continente, [e quisemos] captar a atenção de mercados com mais poder económico e que apreciam este tipo de turismo activo”, refere Vítor Fraga.

Os indicadores recolhidos mostram que foi uma boa aposta. O mercado internacional rapidamente superou a liderança que sempre pertenceu ao mercado nacional. Desde 2012, os mercados emissores dos Estados Unidos e Canadá cresceram 116%, França 91%, Reino Unido 89%, Suíça 84%, Alemanha 70%, Bélgica 66%, Itália 50%. Portugal, que no último ano foi ano foi quem mais beneficiou com este novo modelo de voos low cost cresceu "apenas" 33%.

A RyanAir já é o terceiro operador com uma quota de 20,7% no aeroporto de Ponta Delgada. A SATA Internacional tem 38% e a SATA Air Açores tem 27%. São os próprios mecanismos de promoção das low cost ou de motores de busca e reservas como o Expedia, o Kayak, ou mesmo o Booking que acabam por contribuir muito para a divulgação do destino.

Na ilha de São Miguel existem actualmente 407 unidades de alojamento, das quais apenas 41 são hotéis tradicionais. Há ainda 67 casas de turismo em espaço rural e quase 300 alojamentos locais, englobando desde guesthouses aos sete hostels que existem em Ponta Delgada. No total, a ilha de São Miguel oferece 7399 camas. Em todo o arquipélago a oferta atinge as 14.045 camas. Até ao final de 2017 devem estar abertas ao público mais 197 unidades que vão acrescentar ao arquipélago 1612 camas — 1352 serão em São Miguel.

“Os Açores tem vantagem em ter chegado mais tarde a este filão do turismo. Aqui há margem para progredir, mas temos a obrigação de não cometer os mesmos erros que outros cometeram e o dever de não estragar aquilo que temos de mais precioso, a natureza”, comenta o empresário Roberto Couto.

“Assentamos a nossa estratégia em três pilares de sustentabilidade. A ambiental e a económica mas também a social. A natureza é o nosso principal activo, o que nos caracteriza é esta espécie de isolamento positivo. Por isso digo que não necessitamos das grandes cadeias de hotéis que tanto estão aqui como em qualquer outra grande cidade. Mas necessitamos de unidades hoteleiras focadas na nossa oferta de natureza e de hotéis de charme com qualidade. Porque não há nenhum contra-senso em abrir o espaço aéreo às low cost e autorizar a abertura de unidades de luxo. O preço da acessibilidade não tem nada que ver com a qualidade do destino”, diz o secretário regional Vítor Fraga.


Notícia: jornal «Público».
Saudações florentinas!!

6 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Quando virem que isso está um nojo, cheio de gente porca, cheio de lixo, de prédios e hotéis por todo o lado, será tarde.

Anónimo disse...

Bom foi para São Miguel. O resto que se lixe.

CAP CRÉUS disse...

Bom para São Miguel? Vai ver que ainda vai dar graças por não ver uma horda de gente porca a invadir as Flores.
O principio do fim...digo eu.

Anónimo disse...

venha gente e façam hotéis que é muito importante para a nossa economia.

Anónimo disse...

As vacas são o que se vê. Já deram o que tinham a dar. As pescas são limitadas. Não temos ouro nem petróleo. Resta-nos vender as nossas paisagens. Mas nesta como noutras coisas os açorianos não são todos iguais. Uns, os de São Miguel, são mais iguais do que os outros. Tem viagens baratas, turistas a magote, um cais de cruzeiros para transatlânticos e cada vez mais gente nova a fixar-se. Tem tudo o que as outras ilhas não tem. Esta Autonomia deu-lhes tudo à custa do esmiframento das outras ilhas.

E anda por aí um Secretário dos Transportes, qual tótó, feliz e contente, porque as estatísticas dizem que São Miguel está bem. E os outros? Levam com 600 € de entrada para irem a Lisboa? Andam de hotéis às moscas ou crescem com as migalhas? Pouca vergonha esta!

Anónimo disse...

muito bem anónimo das 02.51 no que dizes mas, vocês votaram nos dois concelhos nestes que estão a encher são Miguel.