quarta-feira, 2 de março de 2016

Distribuição “é um pouco complicada” mas toda a produção da queijaria tradicional Pico Redondo é escoada

A queijeira Ilda Henriques, única funcionária da queijaria tradicional Pico Redondo, não consegue quantificar a quantidade de queijos que faz por dia ou por mês, mas indica que tudo depende “do leite que temos”. Geralmente no Inverno as vacas produzem menos leite e “por isso há alturas em que laboramos 100 litros e outras alturas em que laboramos 50 litros”, refere. Já no Verão, quando há maior produção de leite, “a partir de Abril até Setembro”, é quando são laborados cerca de 220 ou 230 litros. Ilda Henriques admite que, mesmo assim, “não é muita quantidade” já que além de usarem apenas a sua própria exploração, apenas oito vacas é que produzem o leite necessário para laborar.

Esse é talvez o segredo para o queijo Pico Redondo ser considerado “um dos melhores do mundo”, ou pelo menos o melhor da ilha das Flores. É esse o entendimento de quem visita a queijaria e, especialmente, dos filhos de Ilda e Francisco Henriques. “Nunca houve ninguém que provasse, pelo menos na minha frente, e que dissesse que não gostava”, afirma.

Ilda Henriques explica que “não há segredos” na confecção dos seus queijos mas admite que “talvez um dos maiores segredos se deve ao facto de ser usado leite apenas da minha exploração. Se fosse feito com leite de outros sítios, talvez alterasse a qualidade do queijo, por isso acho que o maior segredo é esse”.

O marido Francisco é o responsável pela exploração onde Ilda também ajuda quando é necessário. E a prova de que a queijaria além de tradicional é familiar é que também os filhos do casal, quando regressam à ilha “também ajudam” na distribuição. “De resto sou só eu”, responde Ilda Henriques quando questionada sobre o período em que os filhos não ajudam.

Com a queijaria situada na Fajãzinha, Ilda Henriques admite que é um pouco complicado distribuir o seu queijo nos cerca de 12 postos de venda por toda a ilha das Flores mas “em quatro horas consigo dar a volta à ilha” e faz o mesmo percurso duas vezes por semana. “A ilha também não é muito grande”, brinca ao acrescentar que já foram mais os postos de venda, que entretanto encerraram. “Já houve restaurantes onde eu ia e que depois desistiram e alguns fecharam. Desde 2006 até agora tenho numa lista de gente na facturação que não está activa”, refere.

Além dos postos de venda na ilha das Flores, Ilda Henriques também faz chegar o seu queijo a São Miguel, que se vende na loja Rei dos Queijos, em Ponta Delgada, e à vizinha ilha do Corvo. “Já mandei queijos para a Terceira mas desisti”, confessa ao acrescentar que por enquanto se vai ficar pelas encomendas que envia para as duas ilhas referidas, especialmente no Verão quando tem uma maior produção, embora garanta que durante todo o ano também é possível encontrar o queijo Pico Redondo.

Ilda Henriques refere que para poder enviar mais queijos para fora da ilha das Flores “precisava ter uma produção maior”, o que nem sempre é possível. Por isso, acrescenta que não é possível pensar em fazer chegar o queijo Pico Redondo ao Continente. “O meu filho, que está lá, está sempre a dizer isso mas não é fácil. Era preciso uma produção maior e o transporte também é mais complicado”, admite.

Já para enviar os queijos para São Miguel e para o Corvo “fica um pouco caro”, mas o investimento é comparticipado em 90% por parte do Governo Regional “o que é uma coisa boa”, admite. No entanto, “para isso tem de se tratar de muita papelada e há muita burocracia”, refere Ilda Henriques.


Notícia: jornal «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Desconhecia esta Fabrica na Fagãzinha, daqui do alem desejo muito sucesso aos donos.