quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Preocupação com alterações climáticas

Temperaturas mais altas, menos precipitação e fenómenos climáticos mais intensos. É esta a tendência que os Açores registam, à semelhança do que ocorre a nível mundial, devido às alterações climáticas.

De acordo com Diamantino Henriques, da delegação dos Açores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Região tem acompanhado “a tendência à escala global e, em concreto, à escala regional na bacia do Atlântico Norte” de aumento de temperatura: “Nos Açores temos verificado que, em termos anuais, e comparando séries longas de temperatura, nomeadamente entre os anos 1948 e 1980 e de 1981 até 2013, há uma tendência de subida de temperatura de 0,2 graus”, explica o meteorologista ao jornal «Diário dos Açores».

Diamantino Henriques sublinha que as estações do ano sofreram alterações desde 1948, com o Inverno a ficar mais quente. Já as estações da Primavera e Verão foram as que sofreram menos alterações, refere o especialista.

Desde 1948, a década mais quente registada nos Açores foi entre 1998 e 2008. Em relação a este ano de 2015, a estimativa é que terá sido um ano mais quente do que 2014. O meteorologista considera que esta tendência de aumento da temperatura deve ser considerada com preocupação.

“Nos Açores, a importância da temperatura deve-se fundamentalmente aos fenómenos que depois dão origem às nuvens e que, por sua vez, dão origem à precipitação orográfica e esta é um dos mecanismos responsáveis pela acumulação de água nas ilhas”, explica Diamantino Henriques, apontando a disponibilidade de água como um dos primeiros problemas que se irá levantar nos Açores, devido ao aumento da temperatura e consequente diminuição de precipitação.

“Nos Açores não temos rios. Não temos albufeiras. Temos só alguns depósitos de água, água subterrânea, que é alimentada basicamente pela chuva”, diz o meteorologista. “A chuva que cai no mar não pode ser aproveitada. Temos de nos limitar à nossa área geográfica que é limitada. Se chover menos em larga escala e se a temperatura do ar aumentar, se houver menos condensação e menos nuvens orográficas, vamos ter menos água disponível para tudo”, alerta Diamantino Henriques.

O meteorologista afirma que a escassez de água é já uma ameaça nos Açores. E deu como exemplo o ano passado.

Nos Açores está em curso a elaboração de um Plano Regional para as Alterações Climáticas, que deverá estar concluído em Fevereiro de 2017 e que tem como horizonte o período 2030-2050. Segundo o Governo Regional trata-se de “um instrumento essencial de planeamento das políticas públicas para responder à intensificação das alterações climáticas globais, que colocam uma pressão acrescida em territórios limitados e frágeis como é o caso do arquipélago dos Açores”.


Notícia: jornal «Diário dos Açores».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

A subida do nível do mar irá muito provavelmente afetar a parte baixa da Fajã Grande.
A distribuição regular das precipitações ao longo do ano, ao ser alterada, poderá levar a diminuições significativas dos caudais das nascentes durante certos períodos. Nada de alarmante se atendermos ao grande volume de água disponível na zona central da ilha.
A ocorrência de precipitações extremas, aliada à destruição desmiolada da vegetação natural reguladora do escoamento, pode levar a alterações no regime do escoamento, gerando inundações nos cursos de água que atravessam o planalto central da ilha, nomeadamente na Ribeira Grande.
Vem todas estas advertências num excelente trabalho que passou praticamente despercebido, efetuado no final da década de 90 pelo faialense José Azevedo, hoje catedrático na Universidade de Coimbra.
Fala-se na formação das Flores, dos seus vulcões, das rochas que a formam, das suas nascentes e da água que nelas brota.
Um mimo da ciência, que para além de nos enriquecer culturalmente, devia ser usado no ordenamento do nosso território.
As nossas camaras, que tantas homenagens fazem, deviam ao menos editar (ou reeditar) esse excelente trabalho, numa altura em que o turismo da natureza se afirma cada vez mais como uma das chaves do nosso desenvolvimento.