sexta-feira, 2 de maio de 2014

Mar profundo europeu está cheio de lixo

Garrafas, sacos de plástico e redes de pesca foram alguns dos tipos de lixo humano encontrados no mar profundo da Europa, segundo um estudo que destaca a necessidade de acções para impedir o aumento do lixo nos ambientes marinhos.

"O lixo foi encontrado ao longo de todo o Mediterrâneo e costas da Europa, estendendo-se até à crista dorsal mesoatlântica, a 2 mil quilómetros de terra", lê-se no recente trabalho de investigação que envolveu 15 organizações de toda a Europa e foi liderado pelo centro do IMAR da Universidade dos Açores, sediado no Departamento de Oceanografia e Pescas.

"A grande quantidade de lixo que chega ao mar profundo é um assunto de importância mundial. Os resultados do estudo destacam a extensão do problema e a necessidade de acções para prevenir a crescente acumulação de lixo nos ambientes marinhos", sublinham os investigadores.

De acordo com o estudo, "o lixo é um problema no ambiente marinho ao ser confundido com alimento por alguns animais, podendo enlear corais e peixes - um processo conhecido como 'pesca fantasma'. Concluímos que o plástico foi o item de lixo mais comum no fundo marinho, enquanto o lixo associado às actividades da pesca (redes e linhas presas no fundo) são particularmente comuns em montes submarinos, bancos e cristas oceânicas", precisou Christopher Pham, investigador da Universidade dos Açores.

Há várias consequências negativas do mar servir de lixeira. Além da questão estética, os peixes, mamíferos e outros seres que vivem no mar podem confundir o lixo com alimento. As redes de pesca podem prender e ameaçar a vida de mamíferos marinhos, aves, tartarugas, assim como animais que vivem no leito do oceano. O lixo que se mantém a flutuar no oceano transporta muito mais rapidamente espécies exóticas entre diversos pontos do globo do que as correntes marítimas.

Por outro lado, os plásticos que se vão acumulando no mar são uma fonte de químicos tóxicos que podem matar a fauna marinha. Estes “poluentes orgânicos persistentes podem acumular-se nos tecidos dos consumidores e podem ser transferidos na cadeia trófica para os predadores, incluindo os humanos”, explica o artigo.

"Esta pesquisa demonstrou que o lixo humano está presente em todos os habitats marinhos, das praias às zonas mais profundas e remotas dos oceanos", observou Christopher Pham. "A maior parte do mar profundo continua inexplorada pelos humanos e esta é a nossa primeira visita a muitos destes locais, pelo que ficámos chocados ao descobrir que o lixo chegara lá primeiro que nós", acrescentou o cientista.

Segundo o estudo, foi encontrado lixo "em praticamente todos os locais investigados, com o plástico a contribuir globalmente com cerca de 41 por cento e aparelhos de pesca abandonados com cerca de 34 por cento do total", tendo também sido descoberto "vidro, metal, madeira, papel/cartão, roupa, cerâmica e outros materiais não identificados".

O cientista Christopher Pham sublinhou que "no geral, as acumulações mais densas [de lixo] foram encontradas nos desfiladeiros submarinos profundos" e a investigadora Veerle Huvenne, do Centro do Oceanografia de Southampton, explica que "os desfiladeiros submarinos formam a principal ligação entre as águas costeiras e o mar profundo" e que "os desfiladeiros localizados perto de grandes cidades costeiras, como o desfiladeiro de Lisboa ou o de Blanes (em Barcelona) podem transportar o lixo marinho até profundidades superiores a 4.500 metros".


Notícia: semanário «Sol» e jornal «Público».
Recentemente uma campanha internacional de recolha de resíduos aquáticos abrangeu cinco ilhas dos Açores e este fim-de-semana ocorre uma operação de limpeza costeira em larga escala no Faial.

Saudações florentinas!!

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