sexta-feira, 31 de maio de 2013

Quatro portos integram rede europeia

Os portos de Lajes das Flores, Horta, Praia da Vitória e Ponta Delgada foram incluídos numa lista europeia de portos marítimos de importância fundamental.

Quatro portos açorianos foram selecionados para integrar uma rede transeuropeia de transportes marítimos. Esta lista da Comissão Europeia visa melhorar a operacionalidade e as ligações à rede de transportes da Europa, contando com 319 portos.

Vítor Fraga explicou que o projecto europeu se foca “muito ao nível da eficiência dos portos” e prevê também recursos financeiros para melhorar as infraestruturas selecionadas. O secretário regional dos Transportes sublinhou que o arquipélago também defende “transportes integrados” a nível europeu e que “os Açores façam parte do mapa”.

Por outro lado, destacou que da lista divulgada [na semana passada] em Bruxelas fazem parte portos de todos os grupos de ilhas dos Açores: Lajes das Flores (grupo ocidental), Horta e Praia da Vitória (grupo central) e Ponta Delgada (grupo oriental).

“É uma notícia muito importante para os Açores”, sublinhou Vítor Fraga, dizendo que se trata, porém, apenas de “uma etapa” num trabalho que tem de continuar a ser prosseguido agora “com o estudo mais aprofundado das propostas que a União Europeia irá colocar para serem trabalhadas”.

A Comissão Europeia quer melhorar as operações portuárias e ligações à rede de transportes em 319 grandes portos marítimos da Europa, incluindo 13 em Portugal Continental e regiões autónomas. Para tal, Bruxelas tenciona apresentar, antes do Verão, propostas destinadas a reduzir a burocracia e as formalidades administrativas nos portos.

Segundo dados de Bruxelas, em 2011 transitaram pelos portos europeus cerca de 3.700 milhões de toneladas de mercadorias (em mais de 60 mil escalas de navios de comércio). No total de tráfego, 70% correspondia a granéis e 18% a contentores.

A Comissão Europeia prevê que o tráfego de mercadorias que transita pelos portos da União Europeia cresça 50% até 2030, o que poderá ser uma oportunidade de crescimento económico e de criação de 110 mil a 165 mil novos postos de trabalho na Europa.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental» e RDP Antena 1 Açores.
De lembrar que, no entanto, os Açores registaram uma redução de 17,5% do transporte comercial por via marítima em 2012.

Saudações florentinas!!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Melhor destino turístico 'verde' europeu

O arquipélago dos Açores voltou a ser classificado como melhor destino turístico «verde» da Europa - QualityCoast Gold, uma distinção atribuída pela European Coastal and Marine Union (EUCC), organização que tem por objectivo promover a protecção das zonas costeiras.

Segundo a EUCC, que avalia mais de mil destinos em todo o mundo, os candidatos aos prémios foram apreciados por uma "equipa internacional a partir de mais de uma centena de indicadores que abrangem todos os aspectos da sustentabilidade: natureza, ambiente, identidade e cultura locais, turismo e negócio, comunidade anfitriã e segurança".

A nova vitória dos Açores, de acordo com a organização dos prémios 'QualityCoast', passa por factores como "a política de produzir os seus produtos locais e regionais de um modo tradicional, especialmente o vinho, queijo, frutas, chá e atum". Destaca-se o facto de "o atum dos Açores ser capturado com canas e fios de pesca tradicionais, de um modo 'amigável' para os golfinhos. Está entre o atum enlatado mais sustentável do mercado mundial", realçam. Para mais, acrescentam, os Açores conseguiram "transformar a desvantagem económica causada pela proibição internacional da caça à baleia numa oportunidade de desenvolvimento da observação de cetáceos".

Os Açores, "que lideram o turismo 'verde' europeu desde Maio de 2012", destacam-se ainda pelos projectos de "exploração e optimização das energias renováveis, em particular vento, energia geotérmica e biomassa". Actualmente, exemplificam, "28% da energia originada provém de fontes renováveis, sendo o objectivo chegar a 75% em 2018".

Os prémios 'QualityCoast' - "o maior programa internacional e independente de certificação de destinos de turismo sustentável" - são atribuídos desde 2007 e já distinguiram 140 locais em 23 países. Os prémios 'QualityCoast' são um reconhecimento pelo esforço dos destinos em preservar e desenvolver o turismo, não apenas nos aspetos visíveis que são avaliados, tais como o património natural, mas também nas políticas e planos de gestão, que têm em conta os princípios do desenvolvimento sustentável.


Notícia: suplemento «Fugas» do «Público» e «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fim das lixeiras... mas só para o ano

O Governo Regional disse não ter capacidade financeira para acabar com as lixeiras a céu aberto da ilha das Flores antes do próximo ano. O processo custa um milhão e quatrocentos mil euros.

De visita à ilha das Flores [na semana passada], o Governo Regional deixou a garantia que a selagem das duas lixeiras municipais existentes na ilha será feita com verbas do novo Quadro Comunitário de Apoio.

Até estar concluído este processo tão reclamado pelos florentinos, o secretário regional dos Recursos Naturais prometeu medidas que possam minorar o problema.

As lixeiras da ilha das Flores serão seladas definitivamente num “curto espaço de tempo”, assegurou o vice-presidente Sérgio Ávila, acrescentando que serão usados fundos comunitários do orçamento europeu para 2014-2020 com esse fim.

O Governo Regional assinou um contrato com a ResiAçores que prevê a comparticipação de 800 mil euros para o equipamento definitivo do Centro de Tratamento de resíduos e de Valorização orgânica por compostagem da ilha das Flores.

O investimento total é de 1,2 milhões de euros, segundo o vice-presidente do Governo Regional que destacou que ficará assim concluído um “vasto projecto que visa”, num esforço conjunto do executivo e dos municípios das Flores, “erradicar definitivamente algo que punha em causa a qualidade ambiental desta ilha, a existência de lixeiras a céu aberto” que eram também “incompatíveis” com a classificação de Reserva da Biosfera pela UNESCO.

Sérgio Ávila sublinhou que a ilha das Flores têm agora as “condições necessárias para, num curto espaço de tempo, proceder à selagem definitiva das lixeiras que existiam nos dois concelhos e que já não estão em funcionamento”.

Dados recentes da Sociedade Ponto Verde revelam que as ilhas das Flores e da Graciosa são das regiões do país com “maiores taxas de capacidade de reciclagem dos seus resíduos”.


Notícia: Antena 1 Açores, «Açoriano Oriental» e «Jornal Diário».
De relembrar que em Setembro de 2012 (ou seja, antes das últimas eleições regionais) ambos os autarcas florentinos esperavam que o processo [desta empreitada] fosse rápido, afirmando que as lixeiras a céu aberto tinham os dias contados na ilha das Flores.

Saudações florentinas!!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Assim foi o Espírito Santo na Cuada


Mais um ano, mais uma festa de Espírito Santo do Império da aldeia da Cuada. O segundo mais antigo da ilha das Flores, que data de 1841.

Três dias de festa, mas durante todo o ano são levadas a cabo rotinas seculares, nomeadamente a estada da coroa em casa de pessoas/fiéis por períodos de um mês, entre outras. Na semana da Trindade, onde esta festa é inserida, é rezado o terço todos os dias e as alvoradas são tocadas à terça-feira, quinta e sábado, sendo que terça e sábado cabem aos foliões da Fajãzinha e quinta e domingo aos foliões da Fajã Grande.

Cheia de simbolismo e tradição, esta festa é muito apreciada ainda hoje. Do que resta da memória dos que viveram nos anos do século passado, dos cabeçantes mais antigos constam os nomes de José Pimentel, José Augusto Lopes, José Valadão Eduardo, José Lourenço Fagundes, etc.

Desde 2009 passou a haver comissões anuais, em que 7 nomes são sugeridos pela comissão em exercício e em que só três são escolhidos pela técnica de “tirar a sorte”, em que uma criança tira três “sortes” de onde consta o nome de cada um. Este ano os cabeçantes foram José Augusto Jorge, Francisco Eduardo e Nazaré Pimentel.

Actualmente conta com 102 mordomos, que no final da sexta-feira e durante a noite vem ao Império levantar o seu “arlique/peso” de carne. A festa culmina no domingo com a ida das pessoas levando as insígnias a pé desde o império na Cuada até à igreja da Fajã Grande, sendo que na parte final do percurso são incorporadas uma imagem e as insígnias do Espírito Santo que vem ao seu encontro para em conjunto remarem até à igreja onde é celebrada uma missa cantada.

Bem-haja a todos os que tornaram possíveis estas imagens (nomeadamente a comissão/cabeçantes), em especial à Luísa Silveira pela ajuda à produção e responsável pela fotografia.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Campanha «Açores entre Mares 2013»

A nova campanha 'Açores entre Mares' realiza-se em todo o arquipélago entre 20 de Maio, Dia Europeu do Mar, e 8 de Junho, data que assinala o Dia Mundial dos Oceanos.

O programa integra actividades promovidas por organizações da sociedade civil, autarquias, organizações não-governamentais para o ambiente (ONGA), escolas, parques naturais, empresas, entidades administrativas, entre outras. A Marinha Portuguesa é a principal parceira desta iniciativa.

Este ano a campanha 'Açores entre Mares' tem como tema central 'Como usar o Mar', assumindo como objectivo principal dar a conhecer as possíveis formas da utilização económica do mar dos Açores numa perspectiva sustentável, estando já agendadas 86 actividades que irão decorrer em todas as ilhas do arquipélago: passeios de barco, exposições, passeios pedestres, concursos de pesca recreativa e regatas de vela ligeira, são algumas das iniciativas previstas no âmbito desta campanha.

A Secretaria regional dos Recursos Naturais apela à adesão de toda a comunidade para a organização de acções e para a participação nas actividades que já constam do programa, devendo para isso contactar o Parque Natural da ilha.

O programa encontra-se em permanente actualização e pode ser consultado no portal do Governo Regional. Esta campanha está inserida no Plano Regional de Educação e Sensibilização Ambiental dos Açores.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental», rádio Atlântida e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

domingo, 26 de maio de 2013

As consequências da inacção

Sem políticas concretas e transversais a biodiversidade continuará a desaparecer. Podem existir dias como este [Dia da Internacional da Biodiversidade, 22 de Maio], que chamem a atenção para a conservação. São dias intensos, cheios de actividade, cidadania responsável, debates ou seminários. Mas na prática, se não existir legislação, medidas concretas para minimizar o impacto do Homem no planeta, estas intenções e boas acções de um dia esfumam-se sem consequências directas.

Nas últimas quatro décadas a Humanidade tem vindo a assistir a um crescimento demográfico e desenvolvimento económico e social como não há precedentes. O produto interno bruto (PIB) é o termo mágico que mede o crescimento económico e o desenvolvimento dos países. Como consequência, o planeta sofre uma permanente poluição, atmosférica e aquática, e uma exploração desenfreada de recursos naturais. Embora maior riqueza possa trazer melhores condições de desenvolvimento, não quer dizer que a qualidade de vida seja melhor. A exploração insustentável de recursos tem reflexos ao nível dos serviços do ecossistema e da biodiversidade e, por isso, da qualidade dos bens de que dependemos. Até onde estamos a hipotecar a sustentabilidade da Humanidade?

Mais biodiversidade, maior sustentabilidade do ecossistema, mais e melhores recursos disponíveis ao Homem. Nos Estados Unidos, um estudo elaborado pelo serviço nacional de florestas reconheceu existir uma relação entre pessoas mais saudáveis e a mancha arbórea natural em zonas urbanas ou limítrofes. Ou seja, os serviços do ecossistema, benéficos para a sociedade e base de uma vida sustentável, deviam ser contabilizados e entrar na quantificação da "medida" do PIB. Esta é uma das recomendações que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) tem vindo a fazer. A sensibilização para estes assuntos foi promovida através do desenvolvimento do chamado índice better life que permite jogar com 11 parâmetros para definir, por país, a qualidade de vida das pessoas. Entre estes, no parâmetro ambiental, 20% dos portugueses dizem não ter acesso a áreas verdes ou espaços naturais, o que está acima da média da OCDE, de 12%.

Portugal tem uma vasta rede de áreas protegidas. Mais do que proteger é necessário gerir e conservar, não é apenas reservar, delimitar. A tradição mediterrânica pressupunha uma intervenção do Homem com a poda de ramos (para lareiras e fornos), com o fogo controlado (para rejuvenescimento e limpeza de matas) e com o pastoreio extensivo, mas não intensivo. Hoje, o abandono destas práticas, por razões óbvias inerentes ao desenvolvimento, está a ter repercussões que só mais tarde - e já tarde - a sociedade entenderá. O declínio de montados, por exemplo, não é mais do que a resposta de uma sequência de alterações impostas durante anos a um ecossistema que estava em perfeito equilíbrio harmonioso. O problema em todas estas situações é a falta de observação holística e por isso tratam-se maleitas sem se atender às suas causas.

Cada vez mais a conservação da biodiversidade é um problema cadente e pendente que deve ser entendido e tratado de forma global. As ferramentas políticas são várias e diversas. Podiam ser mais estimuladas as parcerias do tipo Business&Biodiversity onde estão inscritas, apenas, 64 empresas. Outras podiam juntar-se se existissem incentivos competitivos de sustentabilidade ambiental. Mas para além da cooperação institucional e interministerial, das ligações e incentivos empresariais podem e devem aparecer iniciativas descentralizadas ligadas à sociedade. Não é de mais enaltecer o papel das associações não governamentais que, com a sua voz e o saber dos seus membros, têm contribuído para uma cidadania em prol do ambiente. No entanto, a sociedade devia ser mais activa e menos permissiva a situações de impacto no território. Não é por acaso que a participação pública dos portugueses nas avaliações da OCDE são muito abaixo da média. Apesar do papel das sociedades científicas e das organizações não governamentais, falta promover, dentro da sociedade, o que os ingleses têm muito: amadores, naturalistas, autodidactas, ouvidos e respeitados por cientistas e políticos. Quando isso acontecer teremos mais cidadania, responsável e mais activa em prol da sustentabilidade dos ecossistemas. Então sim, poderemos celebrar o dia da conservação da biodiversidade.


Artigo de opinião da professora universitária Maria Amélia Martins-Loução, publicado no jornal «Público» de 22 de Maio.
Perfaz hoje quatro anos que a ilha das Flores passou a integrar a Rede mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO.
Saudações florentinas!!

sábado, 25 de maio de 2013

Mercado alternativo na ilha das Flores


O mercado alternativo da ilha das Flores (na freguesia da Fazenda) é um espaço onde podemos encontrar um variado leque de produtos, passando pela agricultura biológica, produtos de cariz florentino e estrangeiro. Esta ideia tem como objectivo o intercâmbio entre a comunidade de estrangeiros residentes cá e os florentinos, bem como seus usos-costumes e tradições na área da culinária, produção agrícola e não só...

Este é o embrião para uma actividade que faz parte de uma lacuna existente por estas paragens. Bem-haja a todos e parabéns pela iniciativa.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

Fábrica de lacticínios está em perigo

Os lavradores da ilha das Flores estão a desistir de produzir leite, o que coloca em causa a subsistência da fábrica de lacticínios forentina. Actualmente, apenas dois produtores são responsáveis por sessenta por cento do leite entregue naquela unidade industrial. Durante a recente visita estatutária à ilha das Flores, o Governo Regional anunciou que vai disponibilizar terrenos baldios para incentivar a produção de leite. De momento, a preocupação dos lavradores é com a escassez de alimento para o gado, devido ao Inverno rigoroso.

Notícia: «TeleJornal» da RTP Açores.
A classificação de leite cru na ilha das Flores começa no próximo dia 1 de Junho, satisfazendo velho desejo da Cooperativa Ocidental.

Saudações florentinas!!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Dia Europeu dos Parques Naturais

Este ano, e pela primeira vez nos Açores, comemora-se o Dia Europeu dos Parques Naturais, que se celebra hoje.

Nesta comemoração, criada pela EuroParc Federation para promover a gestão sustentável das áreas protegidas na Europa, a Secretaria regional dos Recursos Naturais desafia os açorianos a participar no concurso subordinado ao tema 'O meu Parque. A minha Paixão. A minha História'.

Com esta iniciativa pretende-se que os participantes partilhem a sua paixão pela natureza, seja através de uma história, uma canção, uma fotografia, um filme, um poema ou qualquer outro formato. Os trabalhos podem ser entregues directamente nos serviços dos Parques Naturais ou enviados por correio eletrónico (para parquesnaturais@azores.gov.pt ou parkpassion@europarc.org) até ao dia 3 de Junho.

O prémio europeu, a que se candidatam todos os trabalhos enviados para os Parques Naturais dos Açores, será divulgado no dia 5 de Junho, que é o Dia Mundial do Ambiente.

Este desafio é lançado também às pessoas que integram as equipas que trabalham nas áreas protegidas. Associado a este desafio, cada Parque Natural irá ainda comemorar esta efeméride com um evento de divulgação de uma ou várias das suas áreas protegidas.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental», rádio Atlântida e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Entretanto, e passados mais de seis meses, o Parque Natural das Flores continua sem Director e os Serviços de Ambiente de ilha estão sem chefia... numa ilha que é Reserva da Biosfera da UNESCO.

Saudações florentinas!!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Apresentação da candidatura autárquica do PS a Santa Cruz: José Carlos Mendes

O socialista José Carlos Mendes apresentou na terça-feira à noite a sua candidatura à Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores nas eleições autárquicas deste ano.

José Carlos Mendes ocupa desde Outubro passado o cargo de presidente da Câmara, substituindo Manuel Pereira, que ganhou as eleições locais de há quatro anos. “Não quero a grandeza do cargo, quero sim a oportunidade de continuar a fazer mais e melhor todos os dias”, afirmou José Carlos Mendes, na apresentação da candidatura, que contou com a presença do presidente do PS/Açores e do Governo Regional, Vasco Cordeiro.

José Carlos Mendes disse ter “ideias, vontade e energia” para desempenhar o cargo, destacando conhecer “ao pormenor” as quatro freguesias do concelho, “as suas carências e dificuldades”, económicas e sociais, “relativamente às famílias e às pequenas empresas, estas responsáveis por largas dezenas de postos de trabalho”. O candidato socialista considerou assim “fundamental” ajudar agricultores, pescadores, comerciantes e empresários e tentar fixar pessoas no concelho, sublinhando ainda que não deixará “ninguém para trás” e que “as pessoas estão primeiro”.

José Carlos Mendes prometeu “continuar a manter as taxas do IMI nos valores mínimos” e “a praticar a mais baixa tarifa de água da Região e do país”.

Neste discurso de candidatura, fez ainda um balanço deste mandato socialista à frente deste município da ilha das Flores, destacando a obra feita a nível de rede viária, no sector das águas, no saneamento básico, na educação, na habitação ou na acção social. Por outro lado, destacou que a Câmara Municipal “tem uma situação financeira equilibrada e saudável”, sendo a terceira do país a pagar em menos tempo aos fornecedores (três dias, em média).

José Carlos Mendes citou ainda estudos que consideram este concelho florentino como o décimo oitavo a nível nacional, e o primeiro dentro dos Açores, “com melhor qualidade de vida”. Porém, acrescentou, “muito há ainda a fazer” para atingir “o patamar de desenvolvimento” ambicionado por todos, comprometendo-se a dar o seu melhor para enfrentar os próximos desafios.

Antes, o líder do PS/Açores tinha elogiado a “experiência” e “sensibilidade social” de José Carlos Mendes para justificar a decisão do partido para o candidatar à autarquia de Santa Cruz das Flores. Vasco Cordeiro considerou que nas próximas autárquicas, por causa da “conjuntura”, não estão em causa “meras” eleições locais, mas a escolha de projectos e pessoas “capazes de definir prioridades” e de as concretizar.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
De relembrar que esta é já a segunda vez que José Carlos Mendes se candidata à presidência da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores: nas autárquicas de 2001 concorreu pelo PSD "contra" Dora Valadão (CDU) e Manuel Pereira (PS), tendo perdido para este último.

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Visita estatutária à ilha das Flores

O Governo Regional iniciou ontem as visitas impostas pelo Estatuto Político-Administrativo às ilhas das Flores e do Corvo, durante as quais se reunirá em conselho, fará diversas visitas e inaugurações e receberá a população.

A chamada “visita estatutária” às ilhas do grupo ocidental dos Açores começa nas Flores e termina na sexta-feira no Corvo, reunindo o Conselho do Governo em cada uma delas.

Ao longo dos dois dias na ilha das Flores, o Governo Regional assinará um contrato com a ResiAçores para a exploração dos Centros de processamento de resíduos e de valorização orgânica por compostagem das duas ilhas ocidentais.

No artigo 87º, o Estatuto Político-Administrativo dos Açores define as "visitas obrigatórias do Governo Regional", estabelecendo que o executivo "visita cada uma das ilhas da Região pelo menos uma vez por ano" e que "o Conselho do Governo Regional reúne na ilha visitada".

Durante estas visitas, e tal como é habitual, o executivo reunirá com o Conselho de ilha das Flores e do Corvo. Os Conselhos de ilha são órgãos consultivos que integram os presidentes das Câmaras e das Assembleias municipais, deputados das Assembleias municipais e representantes de associações e movimentos sindicais, empresariais e agrícolas de cada ilha dos Açores.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Jornal Diário».
Saudações florentinas!!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Estado das obras da Câmara das Lajes

No Complexo século XXI, na freguesia da Fajã Grande, procedeu-se à plantação de plantas endémicas e foram colocadas cadeiras nas diversas bancadas dos campos desportivos ali existentes.

Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Entretanto já decorrem as obras de construção do campo de mini-golfe na vila das Lajes e ainda asfaltagem, asfaltagem e mais asfaltagem... dizem ser o puro-gresso.

Saudações florentinas!!

domingo, 19 de maio de 2013

«Brumas e Escarpas» #59

Festas do Espírito Santo na Fajã Grande

Na Fajã Grande, nos anos 1950, existiam seis impérios: quatro do Espírito Santo e dois de São Pedro. Os impérios eram espécies de associações ou agremiações de “mordomos”, ou seja, de pessoas que faziam parte de um império. Qualquer pessoa, mesmo que não residisse na freguesia, poderia ser mordomo num ou em mais do que um dos impérios.

Os impérios do Espírito Santo destinavam-se aos adultos e os de São Pedro às crianças, distinguindo-se apenas pela coroa que, no caso dos segundos, era bem mais pequenina do que a dos primeiros. Eram os seguintes, os impérios fajãgrandenses: Império do Espírito Santo da Casa de Cima, Império do Espírito Santo da Casa de Baixo, Império do Espírito Santo da Ponta, Império de Espírito Santo da Cuada, Império de São Pedro da Fajã Grande e Império de São Pedro da Ponta.

Apenas os quatro impérios do Espírito Santo tinham sedes próprias, denominadas “casas” do Espírito Santo. Eram edifícios amplos, semelhantes a ermidas, mas embora tendo altar não era celebrada missa nestes edifícios que, no entanto, estavam disponíveis para outros fins. A casa do Espírito Santo de Baixo foi escola durante dezenas de anos e a de Cima foi sede da Filarmónica, servindo também como salão de visita e de sala vip da freguesia.

Cada império tinha os seus símbolos, os seus foliões e outros bens. Os símbolos eram a coroa (uma ou duas por império) e as bandeiras. Estas eram brancas e vermelhas, sendo que a branca simbolizava o pão e a vermelha a carne. Cada império tinha apenas uma bandeira branca e várias vermelhas. A bandeira branca era menos importante do que a vermelha: seguia à frente dos cortejos, era transportada por uma criança sem varas laterais e ficava à porta da igreja, enquanto as vermelhas eram transportadas por meninas, dentro de quadrados de varas e eram colocadas junto ao altar, ao lado da coroa, durante a missa. Para além destas bandeiras colocadas no mastro: uma vermelha e outra branca, maiores do que as outras e que eram hasteadas em lugar de relevo, na rua, em frente à respectiva casa.

Cada império tinha os seus foliões que acompanhavam os cortejos e cantavam as “alvoradas”, nas terças, quintas e sábados que antecediam a festa. O canto dos foliões era acompanhado de um tambor e dos pratos e, nalguns casos, da pandeireta. Além disso, cada império tinha as varas e outro material destinado à matança do gado, ao partir da carne e do pão e à organização da festa.

O objectivo principal de cada império era louvar o Divino Espírito Santo, sobretudo através da partilha da carne e do pão pelos “mordomos” e pelos pobres que não podiam ser mordomos, ou que sendo-o não podiam pagar a carne. Este objectivo concretizava-se através da realização duma festa em cada ano, no dia de Pentecostes ou nos domingos subsequentes. Os impérios de São Pedro faziam-na no dia liturgicamente dedicado ao santo, ou seja 29 de Junho, na altura dia santo abolido.

Eram os “cabeças” os responsáveis em cada ano pela festa, que tinha três momentos importantes: o matar do gado (na sexta-feira), o benzer da carne e a sua distribuição pelas casas dos mordomos acompanhados da coroa, bandeiras e foliões (no sábado) e a festa no domingo. Esta consistia num cortejo solene para a igreja, missa festiva e o regresso à casa, onde se prolongava a festividade profana por toda a tarde, com jogos, bailes, arraial e distribuição gratuita de fatias de massa sovada e vinho abafado e licores a todos os presentes. Ao anoitecer, antes de encerrar a festa, eram deitadas as sortes para escolher os “cabeças” para o ano seguinte. O processo de escolha processava-se de forma muito peculiar: eram colocados dentro da coroa os nomes de um conjunto de todos os mordomos, excluindo doentes, velhos, mulheres, emigrantes e outros julgados incapazes ou indisponíveis. Depois de ali colocados, uma criança retirava três papéis, que eram abertos e lidos na presença de todos, revelando os nomes dos “sorteados”. Mas se os cabeças do ano em curso tivessem feito uma festa que tivesse agradado à maioria dos mordomos, alguém, à socapa e sem que “os cabeças” se apercebessem enquanto realizavam esta operação, pegava numa das bandeiras e tentava cobri-los com ela. Se o conseguisse com sucesso, a operação parava de imediato, ficava sem efeito e eles seriam os “cabeças” no ano seguinte.

De seguida realizava-se o último acto das festas: “levar as sortes”. Organizava-se um novo cortejo, já de noite, com foliões, coroa, bandeira e os mordomos, com destino a casa dos novos cabeças, com o objectivo de lhes anunciar “oficialmente” o mandato recebido através das sortes.

Durante a semana que precedia a festa, à noite cantavam-se as alvoradas e o povo juntava-se na casa, convivendo através de jogos, bailes e no sábado com distribuição de fatias de massa sovada, vinho abafado e licores por todos. Os foliões tinham músicas específicas para cada momento ou cortejo. Esclareça-se também que em todos os domingos entre a Páscoa e o Pentecostes, as coroas e bandeiras de cada império, em cortejo separados deslocavam-se à igreja para a missa. Aguardavam uns pelos outros, à porta da igreja e eram recebidos pelo pároco que as acompanhava até aos altares laterais, onde eram colocadas, enquanto entoava o “Veni Creator”. Apenas as bandeiras brancas ficavam ao fundo da igreja.

Acrescente-se também que num desses domingos, de tarde, os “cabeças” em cortejo com os foliões e os símbolos, percorriam as casas dos mordomos, a fim de saber a quantidade de carne que pretendiam, pois cada um é que pagava a sua, e se davam ou não davam pão de trigo. Só feitas as contas escolhiam a rês ou reses a abater. O pão oferecido pelos que o tinham e o excedente de carne era distribuído pelos “mordomos” pobres ou pelos pobres da freguesia que nem mordomos eram.


Carlos Fagundes

sábado, 18 de maio de 2013

Maioria das zonas húmidas classificadas

Quarenta por cento das zonas húmidas protegidas portuguesas estão nos Açores. O último sítio a ser classificado como zona húmida protegida foi o Paúl da Praia da Vitória. A candidatura deste paúl, excelente local para a observação de aves, a zona protegida foi promovida pela Câmara Municipal da Praia da Vitória. Nos Açores existem já treze espaços classificados.

Notícia: «TeleJornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Manter qualidade dos trilhos pedestres

O diretor regional do Turismo realçou que é necessário assegurar a qualidade da rede regional de trilhos pedestres, “quer do ponto de vista paisagístico e ambiental, quer do ponto de vista da segurança”.

João Bettencourt, em declarações aos jornalistas à margem da reunião da Comissão de Acompanhamento dos Percursos Pedestres, salientou que está a ser feito o ponto de situação da rede regional de trilhos pedestres, já que o Inverno rigoroso provocou derrocadas em alguns trilhos, originando o seu encerramento, “o que obriga a uma alteração em alguns desses percursos”.

Segundo o diretor regional, há um “esforço conjunto dos departamentos de Turismo e Ambiente do Governo Regional no sentido de se fazer a respectiva manutenção e reabrir alguns desses trilhos para os turistas que visitam a Região, nomeadamente na ilha de São Miguel, onde existem mais caminhos pedestres”.

João Bettencourt salientou que na ilha das Flores, devido ao mau tempo deste Inverno, está a ser feita a manutenção e alteração de vários trilhos pedestres, “para que a oferta de pedestrianismo naquela ilha continue a ser de qualidade”.

“O Governo Regional considera que o pedestrianismo é um produto fundamental, não só para os turistas, mas também para os açorianos que gostam de passeios pedestres”, salientou João Bettencourt, revelando que, até à época alta, “todos os percursos deverão estar em condições para receber os seus visitantes”.

O diretor regional do Turismo revelou ainda que o "sítio" www.trails-azores.com, onde são divulgados todos os trilhos do arquipélago, está em remodelação, estimando que, até final deste mês, seja possível disponibilizar uma nova versão “com uma nova imagem, nova informação e a garantia de uma actualização constante”.

Actualmente, existem cerca de uma centena de trilhos homologados nos Açores, que são um dos produtos mais procurados pelos turistas que visitam a Região.


Notícia: rádio Atlântida e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Reforço de meios das Juntas de Freguesia para limpeza das ribeiras

A Assembleia Legislativa dos Açores aprovou, por unanimidade, uma recomendação ao Governo Regional para reforçar os meios das Juntas de Freguesia com vista à melhor limpeza de ribeiras e, assim, diminuir a possibilidade de inundações e deslizamentos.

A iniciativa foi submetida pelo PCP ao plenário da Assembleia Regional e recomenda ao Governo Regional que "reforce os meios das Juntas de Freguesia para a limpeza de ribeiras e realize um plano especial de acções de limpeza e prevenção de riscos de cheias e deslizamentos".

Na apresentação desta resolução, o deputado comunista Aníbal Pires considerou que a insuficiência das verbas atribuídas às Juntas de Freguesia, a indefinição de responsabilidades e a ausência de intervenções regulares de limpeza e manutenção dos cursos de água foram factores que, somados à violência das condições climatéricas, contribuíram decisivamente para os resultados, “nalguns casos trágicos" do mau tempo que atingiu o arquipélago no Inverno passado.

"A nossa proposta pretende, em primeiro lugar, que sejam aproveitados os meses de Verão para executar um conjunto vasto de intervenções e acções de limpeza, em todas as ilhas", acrescentou o deputado Aníbal Pires. Para o PCP, "as Juntas de Freguesia estão numa posição ímpar para lidar com estes problemas, tendo em conta o seu profundo conhecimento do terreno e a sua capacidade de intervenção rápida".

Além de propor o reforço dos meios financeiros das freguesias com este objectivo, o texto do PCP recomenda, segundo Aníbal Pires, que "se proceda a uma melhor e mais clara definição de responsabilidades na manutenção dos cursos de água, de forma a que as intervenções feitas agora não se percam e que o esforço de prevenção seja continuado no tempo".


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cumpriu-se serviços mínimos na SATA?

PSD/Açores lamentou “os constrangimentos causados pela greve da SATA na ilha das Flores”, criticando o Governo Regional, “pois parece que para a tutela não foram graves” as consequências daquela paralisação nesta ilha.

“O Governo Regional não agiu bem”, disse o deputado florentino Bruno Belo. “No caso da ilha das Flores, entre os dias 1 e 7 houve [apenas] dois voos. Foram esses os serviços mínimos que se garantiram”, afirmou, sublinhando que “dia 1 não houve voo, dia 2 não houve voo, dia 3 houve voo, dia 4 não houve voo, dia 5 foi cancelado um voo por razões atmosféricas, dia 6 não houve voo, só voltando a haver ligação no dia 7″, pormenorizou o deputado social-democrata.

Bruno Belo criticou “a teimosia do secretário da tutela na forma como liderou as negociações com os sindicatos” e referiu que “houve a sensação [ontem no debate, em plenário da Assembleia Legislativa Regional] de que não há deputados do PS nas ilhas onde não houve serviços mínimos durante a greve”, dado o silêncio dos mesmos.


Notícia: "sítio" do PSD Açores.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Sopas do Espírito Santo à moda das Flores foram degustadas em São Miguel

A Associação dos Amigos da ilha das Flores organizou um almoço com as tradicionais sopas do Espírito Santo à moda das Flores, este ano com cozinheiros vindos da Fajãzinha. O encontro da AAiF reuniu cerca de quinhentos florentinos e familiares a viver na ilha de São Miguel.

Notícia: «TeleJornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Evitar erros cometidos noutras regiões

O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, Pedro Costa Ferreira, defende que os Açores devem ser assumidos como um destino ímpar pelo qual vale a pena pagar. Pedro Costa Ferreira durante a conferência "Turismo nos Açores: que futuro?" alertou para os erros cometidos por outras regiões com a aposta no low cost.

A conferência foi organizada pelo jornal «Açoriano Oriental» e reuniu, na Universidade dos Açores, especialistas ligados a várias áreas do sector turístico.


Notícia: «TeleJornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

domingo, 12 de maio de 2013

«Janela de Guilhotina» #1

Pedra... serrada, ou não?

"La construction en pierre tombe en désuétude à partir des années 1930, date à laquelle le béton armé (inventé en 1900), et l'acier, commencent à être massivement utilisés. Dorénavant, les tailleurs de pierre, qui étaient «bâtisseurs», se concentrent alors sur la restauration des édifices en pierre existants." (Wikipedia)

As pedras para construção, após extraídas da pedreira, no processo dito de desmonte, são em seguida submetidas à chamada lavra ou lavoura, que pode ser manual ou feita com recurso a processos mecânicos.

A lavra manual para o aparelhamento da pedra, cansativa e difícil – tanto mais cansativa e difícil quanto mais dura é a pedra em questão – tem vindo a ser substituída, um pouco por todo o lado, pela lavra mecânica. No arquipélago dos Açores, nomeadamente, o duro basalto local começou a ser trabalhado deste modo ainda na década de setenta do século passado, na cidade da Ribeira Grande, ilha de São Miguel, pela empresa hoje denominada José Dâmaso e Filhas. Com a mecanização da lavra conseguiu-se, obviamente, uma maior rapidez na execução dos trabalhos e, consequentemente, um custo inferior na produção; mas o ofício de canteiro, já muito abalado pela proliferação do uso do betão, foi caindo ainda mais em desuso, dada a preferência que rapidamente começou a ser dada ao material “novo” - ou seja, à nova forma de trabalhar um material muito velho.

As chapas de pedra serrada, de grande facilidade de aplicação, ao invés das antigas lajes de cantaria manual, mais irregulares, constituem hoje importante volume na produção das empresas, conjugando-se perfeitamente com ambiências modernas, sobretudo na pavimentação de pátios, caminhos particulares - de acesso a garagens, por exemplo - mas também no revestimento de paredes, tanto exteriores como interiores. Infelizmente, em certos casos, a estética tem perdido para a poupança de alguns tostões, sendo as chapas-mosaico fornecidas sem tratamento de regularização e aplicadas aparentemente também sem selecção rigorosa, desta forma notando-se com certa frequência, aqui e ali na obra acabada, os sulcos deixados pelas rodas de serrar.

Pareceria da maior e mais clara evidência, contudo, que a pedra serrada por máquinas não constitui material aplicável no restauro de obras antigas de cantaria manual, não pela natureza do mesmo, que é idêntica à do usado no momento da construção, mas pelo aspecto regular e aspereza das suas arestas e linhas rectas, que a pedra trabalhada (lavrada) à mão não apresenta, nem pode apresentar.

Muitos assim não pensarão, pelos vistos, e bastante me tem entristecido constatar que em várias ilhas açorianas o procedimento atrás descrito - aplicação de pedra serrada mecanicamente nos arranjos levados a efeito em construções antigas - tem vindo a ser largamente utilizado, custando a crer até que tais projectos, e isto quando respeitantes a obras públicas, possam ter sido propostos por arquitectos licenciados, que ao menos uma cadeirita de Conservação e Restauro hão-de ter frequentado durante os respectivos estudos! Desta presunção, que é aliás válida para as boas escolas portuguesas (veja-se, por exemplo, o plano curricular da licenciatura em arquitectura do Instituto Superior Técnico), decorre a suposição de que deveriam ser capazes de distinguir perfeitamente para onde propor uma obra de restauro, e para onde propor obra nova, o que nem sempre acontece, como se vê. Quanto às obras particulares, essas estão geralmente entregues ao maior ou menor bom senso dos proprietários, que muitas vezes nem chegam a pedir o licenciamento municipal; mas mesmo quando o pedem, quer-me parecer que não seriam as nossas Câmaras, tantas vezes as primeiras a dar o mau exemplo, a não autorizar a colocação da pedra serrada em situações e locais menos apropriados.

Ao invés de muito do que tem sido feito, o que deve, pois, ser feito, por quem tiver entre mãos a responsabilidade da reconstrução ou restauro de obra antiga? Sugere-se que procure canteiros capazes de talhar as pedras porventura em falta, ou danificadas, à moda do passado - ou seja, à mão, resistindo ao facilitismo da mera colocação de pedra serrada. Tarefa difícil, talvez, mas não impossível; se eu própria já consegui obter pequenas vitórias nesse campo, procurando persistentemente por entre os velhos pedreiros das nossas freguesias rurais, que um certo entendimento do progresso tornou obsoletos e, é certo, raros - sem dispor das facilidades nem do financiamento de que dispõem os serviços oficiais, é de crer que muito mais facilmente do que eu estes o conseguiriam, se assim o quisessem, já se vê.

O reactivar de uma profissão antiga, em vias de desaparecimento completo, possibilitando a esses velhos mestres o fazer escola na transmissão dos seus conhecimentos aos jovens, muito iria contribuir também para a manutenção de um dos nossos aspectos culturais que reputo mais interessantes - o modus faciendi da lavra manual da pedra, base da arquitectura tradicional açoriana - como também para a diminuição do desemprego e da desocupação que grassam entre os jovens, não sendo aliás difícil listar ainda mais algumas vantagens, nomeadamente de ordem ambiental e da hoje tão falada (embora pouco compreendida) sustentabilidade.

Muito seria de desejar, pois, que tanto os nossos governantes como os nossos particulares evitassem esta mistura de alhos com bugalhos que tanto desfeia as lindas ilhas açorianas aos olhos de quem nos visita - mas também, e sobretudo, aos olhos de quem cá vive porque as escolheu para viver com qualidade, entre todos os lugares possíveis de um mundo que ainda é vasto.


Maria Antónia Fraga

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Janela de Guilhotina» e também no jornal «O Monchique» (edição de 30 de Abril de 2013).

sábado, 11 de maio de 2013

CDEF é campeão regional de voleibol

A equipa do Clube Desportivo Escolar Flores (CDEF) sagrou-se campeã regional de voleibol no escalão de juniores masculinos. Após uma derrota por 3-1 em sets muito renhidos ontem à noite, na tarde deste sábado os jovens florentinos deram a volta à final numa gloriosa vitória também por 3-1.

Para a posteridade aqui ficam os nomes dos novos campeões regionais: João Rosa, Oseias Sousa, Ricardo Vieira, João Almeida, Ruben Nóia, Filipe Fraga, Edi Lourenço, João Lopes, Emanuel Nóia, Bruno Câmara e André Tavares. E ainda a doutora Carla Reis como fisioterapeuta e o professor João Quaresma como treinador. Muitos parabéns a todos!

Deve agora seguir-se a participação do CDEF na fase nacional do Campeonato de Juniores de voleibol, como justos representantes dos Açores. No entanto os valorosos campeões do Clube Desportivo Escolar Flores podem vir a defrontar-se com alguns problemas no financiamento das deslocações. Será que essas dúvidas(?) no apoio público também aconteceriam se os Açores fossem representados por uma equipa de São Miguel?

Saudações florentinas!!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Novo livro sobre o património baleeiro

A Direcção Regional da Cultura, em parceria com o Observatório do Mar dos Açores, acaba de editar o primeiro de uma série de cinco «Roteiros Culturais dos Açores – Património Baleeiro».

Este primeiro livro, dedicado às ilhas das Flores e do Corvo, sugere interessantes itinerários pelos complexos baleeiros de Santa Cruz, das Lajes, da Fajã Grande e do varadouro baleeiro de Ponta Delgada, na ilha das Flores, bem como pelo Posto Baleeiro de Vila do Corvo.

O roteiro apresenta ainda uma resenha histórica e uma cronologia, onde são enumerados os mais importantes acontecimentos que marcaram a actividade baleeira nas ilhas do grupo ocidental dos Açores, desde 1856 até à actualidade.

Esta série de cinco livros sobre o património imóvel baleeiro, com direcção científica e textos de Márcia Dutra Pinto, decorre do trabalho de inventariação de todos os locais associados a esta actividade no arquipélago. Realizado entre Junho de 2011 e Julho de 2012, o Inventário do Património Baleeiro Imóvel dos Açores inclui 186 estruturas identificadas, entre as quais se destacam complexos e postos baleeiros, fábricas, varadouros, vigias, casas de botes e rampas de varagem, que se situam sobretudo nas ilhas do Pico, São Miguel, Faial e Flores.

Estes (e outros) livros podem ser adquiridos nas Lojas de Cultura e nas lojas do Observatório do Mar dos Açores.


Notícia: rádio Atlântida, jornal «Açores 9», «Jornal Diário» e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Apoia o CDEF a ser campeão regional

Neste fim-de-semana jogam-se, na ilha das Flores, os jogos da final para apuramento do campeão regional de voleibol no escalão de juniores masculinos. Em confronto vão estar as equipas do CDEF (Clube Desportivo Escolar Flores) e dos Antigos Alunos (São Miguel). Os jogos realizam-se no pavilhão da Escola Básica e Secundária das Flores, em Santa Cruz, na sexta-feira (amanhã) às 20h30 e no sábado às 17 horas.
Venham ajudar os jovens do CDEF a ser campeões regionais!

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

XI Sopas de Espírito Santo da AAiF

A Associação Amigos da ilha das Flores (AAiF) promove no próximo dia 12 de Maio [domingo] a sua XI edição das Sopas de Espírito Santo à moda das Flores, que terá lugar no Salão Paroquial de São José, em Ponta Delgada (São Miguel), pelas 13 horas.

Esta actividade de cariz cultural integra o plano de actividades da AAiF para 2013, ano em que assinala o seu décimo aniversário, enquadrando também os seus principais objectivos de promover o bem estar dos naturais da ilha das Flores e daqueles com quem vivem, bem como realizar acções que promovam a própria ilha.

Do programa desta actividade constam os preparativos no sábado, com a benção da carne, do pão e do vinho, além da alvorada pelos foliões de Espírito Santo, enquanto que no domingo terá lugar a procissão com as coroas e bandeira de Espírito Santo, acompanhadas pelos foliões, do Salão Paroquial para a Igreja de São José onde será celebrada missa às 11 horas.

Pelas 13 horas serão servidas as tradicionais Sopas de Espírito Santo à moda das Flores, que serão confeccionadas pelos cozinheiros António Eduíno Eduardo e Serafina Eduardo, vindos da freguesia da Fajãzinha da ilha das Flores. Além das Sopas, haverá também carne assada, massa sovada, arroz doce e uma prova de queijo oferecido pela UniFlores.

Tempo ainda para as habituais rifas e arrematações, bem como para animação pelos grupo de foliões do Espírito Santo, que este ano é constituído por florentinos residentes em São Miguel, que aceitaram o desafio da direção da AAiF para constituírem um grupo de foliões à moda das Flores. Desta forma se contribui para preservar esta peculiar tradição cultural dos Açores e das festas de Espírito Santo.


Notícia: «Açoriano Oriental», «Diário dos Açores» e «Açores 9».
Saudações florentinas!!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Conservas Santa Catarina distinguidas

A empresa Santa Catarina Indústria Conserveira foi identificada como "marca que cria valor acrescentado para o país", no âmbito do projecto Portugal Inspira-nos, iniciativa que pretende promover marcas e produtos portugueses.

Este projecto, que criou uma plataforma de identificação de produtos e serviços nacionais que geram valor acrescentado para o país, pretende levar ao conhecimento dos portugueses produtos e serviços de elevada qualidade que, muitas vezes, não são identificados como nacionais e, com isso, provocar um consumo consciente que se reflita no desenvolvimento da economia.

A Santa Catarina, agora incluída nesta plataforma, é uma indústria de produção de conservas de atum que labora na vila da Calheta, ilha de São Jorge, sendo o maior empregador naquela ilha com cerca de 130 trabalhadores ao seu serviço, dos quais cerca de uma centena são mulheres.

Essencialmente exportadora, a Conservas Santa Catarina registou vendas de 6 milhões de euros em 2012, propondo-se ultrapassar os 7 milhões de euros no corrente ano, para o que apostou numa linha de produtos 'gourmet' que conquistou já alguns prémios.


Notícia: «Açoriano Oriental», rádio Atlântida, «Jornal Diário» e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Menos bandeiras azuis nos Açores

As 27 zonas balneares dos Açores que se candidataram este ano ao galardão da Bandeira Azul foram todas aprovadas pelo júri internacional deste certificado de qualidade ambiental, que distingue o esforço de diversas entidades para a melhoria do ambiente marinho e costeiro.

A Bandeira Azul é atribuída anualmente às zonas balneares, marinas e portos de recreio que apresentam a sua candidatura e cumprem um conjunto de critérios de natureza ambiental, mas também de segurança e conforto dos utentes e de informação e sensibilização ambiental.

Em Portugal, a organização do programa Bandeira Azul é da competência da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), estando a coordenação nos Açores a cargo da Secretaria Regional dos Recursos Naturais, através da Direcção Regional dos Assuntos do Mar.

Para as zonas balneares são considerados critérios que abrangem quatro capítulos: qualidade da água, informação e educação ambiental, gestão ambiental e equipamentos, segurança e serviços.

Nos Açores há cinco bandeiras a menos que em 2012, “porque o município da Praia da Vitória não conseguiu reunir condições para se candidatar”, disse o presidente da ABAE.

As zonas balneares das ilhas do Corvo e das Flores voltam em 2013 a não ter qualquer bandeira azul, nem sequer as entidades públicas realizaram nenhuma candidatura ao galardão.


Notícia: «Açoriano Oriental», «Jornal Diário» e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

domingo, 5 de maio de 2013

Andorinhas avistadas na ilha das Flores

Estupefacto fiquei quando, hoje, deparei-me com um pequeno bando de andorinhas (cerca de 100 indivíduos) que, graciosamente e felizes, enriqueciam a tarde deste dia nublado mas calmo nesta terra do Sol Poente. Trata-se de uma das mais emblemáticas aves da nossa fauna, carregada de simbolismo relacionado com a sua chegada que costuma ser entendida como um anúncio da Primavera.

Andei a ver se descobria qual a espécie, mas é um pouco difícil para um leigo na matéria. Não obstante, trata-se de um caso inédito, visto que anteriormente jamais foi visto tal simbólica ave por estas paragens. Sei que já foi avistada na Alagoinha por GerbyBirding Azores.

Tirei dezenas de imagens para aproveitar duas, mas que dão para ver que se trata de duas espécies: andorinha-dos-beirais (delichon urbica) e andorinha-das-chaminés (hirundu rustica).

Na Internet encontrei fotografias da ave/espécies que hoje serpenteou e adoçou este dia primaveril na aldeia da Costa. Obrigado Natureza pela espontaneidade surpreendente que nos brindas...


José Agostinho Serpa

sábado, 4 de maio de 2013

Eldorado para reformados franceses?

O jornal francês «Le Figaro» apresenta Portugal como um "novo paraíso fiscal para os reformados franceses", designando a costa portuguesa como o novo eldorado.

O suplemento económico do «Le Figaro» assegura, num artigo intitulado "Portugal, novo paraíso fiscal para os reformados franceses", que poderão ser cada vez mais os reformados franceses tentados a emigrar para as costas do Algarve ou dos Açores.

O jornal francês falou com Xavier Rohmer, advogado que assegura que os reformados franceses que se instalarem em Portugal poderão, em pouco tempo, ficar isentos de impostos sobre os rendimentos para os pensionistas de carreiras no sector privado. Uma circular [do Ministério das Finanças] de 3 de Agosto de 2012, que entrou em vigor a 1 de Janeiro deste ano, prevê que os residentes em Portugal que recebam reformas de fonte estrangeira estejam isentos de impostos sobre as suas pensões privadas.

"A costa lusitana tornou-se um eldorado", escreve o «Le Figaro». Segundo o advogado Xavier Rohmer, a convenção fiscal entre França e Portugal não se opõe a esta medida, uma vez que atribui a Portugal o direito exclusivo de taxar ou não as reformas. Para usufruírem destas vantagens, os franceses devem tornar-se residentes fiscais em Portugal - sem que o tenham sido nos últimos cinco anos -, comprovar a sua presença no país durante um mínimo de 183 dias por ano, e não poderão possuir quaisquer bens em França.

O suplemento económico do «Le Figaro» escreve ainda que "Portugal está prestes a tornar-se na Florida da Europa".


Notícia: «Correio da Manhã», «Sol» e «Jornal de Notícias».
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Só 41 galardões Eco Freguesia em 2012

O concurso 'Eco freguesia, freguesia limpa', organizado pelas Direcções Regionais do Ambiente e dos Assuntos do Mar, tem como principal objectivo reconhecer e distinguir os esforços das freguesias e a colaboração das populações na limpeza, remoção e encaminhamento adequado dos resíduos abandonados em espaços públicos.

A avaliação desse esforço, através de um sistema de pontuação de acordo com a qualidade ambiental exibida no respectivo território e o número de acções de limpeza e de sensibilização desenvolvidas, inclui as linhas de água e a orla costeira.

O concurso atribui a bandeira Eco Freguesia e um certificado que distingue Juntas de Freguesia onde os critérios mínimos do concurso são atingidos, e um certificado de reconhecimento, atribuído nos casos em que, por razões não imputáveis à autarquia local, foi realizado um esforço efectivo de limpeza e sensibilização.

Relativamente ao concurso de 2012, além da atribuição dos 41 galardões, foram entregues 39 certificados de reconhecimento. Em ambas as classificações foi distinguida uma freguesia no Corvo, sete freguesias nas Flores, 12 no Faial, uma na Graciosa, 11 no Pico, dez em São Jorge, 15 na Terceira, 21 em São Miguel e duas em Santa Maria.

As freguesias interessadas em concorrer à quarta edição do 'Eco freguesia, freguesia limpa' podem inscrever-se até ao dia 3 de Maio [hoje], sendo as inscrições gratuitas.

Esta iniciativa pretende premiar o bom desempenho ambiental dos cidadãos e entidades intervenientes como reflexo de uma cidadania activa, resultando no bem-estar das populações.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental» e o inestimável "serviço informativo" do GaCS [Gabinete de apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

PSD coliga-se com PP para Santa Cruz

PSD Açores vai concorrer em coligação com o CDS/PP em dois dos 19 concelhos do arquipélago nas eleições autárquicas deste ano: Angra do Heroísmo e Santa Cruz das Flores.

Em Santa Cruz das Flores o candidato do PSD à presidência do município é William Braga, jovem empresário local. No Corvo a escolha dos sociais-democratas recaiu sobre um antigo deputado do PSD na Assembleia Regional que estava arredado da vida política: José Manuel Nunes. Uma das únicas duas mulheres que encabeçam as listas de candidatos pelo PSD será Alice Ramos, nas Lajes das Flores.

Para o presidente do PSD/Açores, Duarte Freitas, as candidaturas autárquicas dos sociais-democratas constituem “não só um sinal da vitalidade do partido, mas também o interesse do PSD/Açores em trabalhar para ajudar as açorianas e os açorianos a enfrentar a maior crise financeira, económica e social da Autonomia. O PSD/Açores apresenta pessoas com provas dadas na defesa dos interesses do seu concelho. Pessoas que querem trabalhar com as pessoas e para as pessoas”.

“O PSD/Açores sempre foi um partido com uma forte ligação ao poder local e queremos reforçar cada vez mais essa ligação”, garantindo que o partido “está muito determinado nestas eleições autárquicas. As eleições autárquicas não são eleições contra o Governo Regional ou contra o Governo da República, são eleições para escolher quem melhor pode implementar estratégias de desenvolvimento e de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. O PSD/Açores estará à altura desse desafio e está pronto para apresentar as melhores soluções aos açorianos”.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental» e RTP.Notícias.pt.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

«Brumas e Escarpas» #58

A vista do miradouro do Portal ou um pedaço da natureza desabado do Céu

Fascinante, soberba, bela, maravilhosa, encantadora, sublime, deslumbrante, espectacular! São poucos e muito limitados os adjectivos com que se pode descrever a vista que se observa do miradouro do Portal - um pedaço da natureza desabado do céu.

Este miradouro, um dos muitos existentes na ilha das Flores, situa-se lá bem no alto, no cimo da Rocha dos Bredos, ali mesmo logo a seguir aos Terreiros, no cruzamento da nova estrada do Mosteiro com a do interior da ilha e um pouco à frente da chamada Cruz da Caldeira, sobranceiro à freguesia da Fajãzinha.

A paisagem que dali se pode observar é transcendentemente bela. O grande círculo das Fajãs rodeia-se a leste, embora de forma irregular, por uma alta e imponente rocha, ora fendida por penhascos e quedas de água, ora revestida de um verde com tons diferenciados, a provocar calafrios ou ainda sustentada por inúmeros rochedos a abarrotar de um negrume basáltico. Uma rocha de magma, recheada de verdura e de água, que os séculos foram enrijecendo e transformando num verdadeiro e mítico oásis de beleza, num estranho monumento de imponência e graciosidade. A oeste o mar, azul e anilado, como que a fechar o círculo com os seus salpicos levantados pelo vento e com as suas ondas a desfazerem-se junto aos rochedos lávicos do baixio, a bafejar courelas, serrados, belgas e outeiros. Depois as casas muito branquinhas, entrelaçadas com outras de pedra negra, entre as quais ressaltam as da Cuada e os tradicionais palheiros também negros de portadas abertas, espalhados no meio das relvas ou plantados em cima de “maroiços”, aparentemente atafulhados de silêncio, de abandono e de solidão. São as pequenas povoações da Fajã Grande, Fajãzinha, Ponta e Cuada, formando e constituindo os pequenos povoados por ali dispersos, separadas por ribeiras onde deslizam as águas caídas das encostas e por montes e outeiros revestidos do verde dos incensos, das faias, dos sanguinhos e dos paus-brancos ou por pequenos planaltos, onde proliferam os campos de erva, de mato ou serrados de milho, as courelas de couves e abóboras e as belgas de batata-doce.

Em primeiro plano e logo ali debaixo a Fajãzinha a balancear-se sobre veios e levadas, a evadir-se em água, em verde, em pequenez e sobretudo em silêncio, com as suas casas dispostas ao redor do Rossio, a formar uma espécie de rendilhado, onde se excede a sua monumental e vetusta igreja matriz. A Fajãzinha, um pequeno oásis de singeleza, um recanto de serenidade perene e um manancial de frescura esverdeada. A Ribeira Grande, mais além, encostada à ladeira do Biscoito e a servir de sopé ao enorme planalto onde se alojam as velhas, negras mas agora recuperadas casas da Cuada. Apesar de se aproximar do oceano, o seu caudal ainda corre veloz e galopante, ora se quedando e desaparecendo por entre pedregulhos e fragas, ora formando pequenos lagos encastoados entre o verde das ravinas e o azulado da penedia. Além e junto à rocha, aparando a água que cai com veemência das cascatas de um sem número de grotas e ribeiras, o Poço da Alagoinha, um recanto de beleza inigualável e de sublimidade absoluta. As suas águas, calmas, serenas e tranquilas, reflectem o verde dos andurriais, o negro dos penhascos, o acastanhado dos troncos dos álamos e o colorido das flores da cana roca.

Entre a Rocha e o mar, num planalto encastoado entre a Fajã e a Fajãzinha, a Cuada, um recanto de sublimidade silenciosa e de beleza histórica, actualmente recuperada e modernizada, mantendo, contudo, o negro basáltico das paredes, as vielas calcetadas de pedra já gasta por homens e “corsões”, com a mítica Casa do Espírito Santo, lá ao fundo, no início do caminho que antigamente conduzia à Fajã. Ontem como hoje, a Cuada é aquele recanto de graciosidade e singeleza, aquele paraíso de mistério e sublimação, aquele pântano de simplicidade e mistificação.

Depois é a Fajã, ora entrincheirada, muito tímida e envergonhada entre o Pico da Vigia e o Outeiro, ora a despejar-se arrogante e sem pejo sobre uma enorme planície debruçada sobre o mar, a acalentar o rugido das ondas, os sussurros das montanhas e o soprar do vento norte. A Fajã é um manto verde, branco, amarelado, negro e multicolor a estender-se e a prolongar-se sobre o mar, deixando lá ao fundo, a descoberto, uma ponta negra e firme – o Monchique.

Finalmente a Ponta, aninhada debaixo da Caldeirinha, juntamente com a igreja da Senhora do Carmo, no sopé da rocha, a emanar um silêncio desértico e uma beleza mistificada. Por trás a rocha umas vezes terna e meiga, a proteger, a salvar, a ajudar, a alimentar, outras a atirar-se sem dó nem piedade sobre o povoado destruindo casas, pessoas e colheitas.

A encimar tudo isto um céu ora muito claro ora ofuscado por nevoeiros e caligens, mas a reflectir o azulado do oceano, a serenidade dos vales e planaltos, o verde adocicado dos montes, o sussurro transparente das ribeiras e a simplicidade contagiante das pessoas.

O miradouro do Portal! Uma paisagem de sonho, desenhada sobre uma imponente e desértica singularidade, edificada sobre uma estranha plataforma de magma verde e envolvida por um misterioso manto de silêncio!


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».