quinta-feira, 29 de março de 2007

Rainer Werner Fassbinder - "Die bitteren Tränen der Petra von Kant"...

Que é como quem diz: "As lágrimas amargas de Petra Von Kant", obra do [realizador de cinema] germânico Fassbinder e que serviu de base à mais recente encenação do "nosso" Grupo de Teatro "A Jangada" e que auto-intitulou o seu novo trabalho - "LÁGRIMAS".
Venho apenas deixar aqui a minha modesta e humilde opinião e reconhecimento a este magnífico grupo de trabalho que quanto a mim de "amador" só têm o nome e o orçamento.
dizia o Pessoa: - "tudo vale a pena se a alma não é pequena" e a Jangada tem mostrado em palco e fora dele uma dedicação que vai além do esperado, surpreendendo trabalho após trabalho sempre pela positiva.
Pois é... fui um daqueles (e infelizmente não foram muitos) que trocaram na noite de sábado o "joguito" da Selecção Nacional pelo teatro local, e meus amigos, não perdi nada com isso, nem tão pouco me senti menos lusitano, senti-me sim um pouquinho mais Florentino, por ter apoiado aquilo que é nosso e assim se espera de todos nós a coragem de não afirmar mais tarde em banal conversa de café que "Nesta terra nada acontece".
Mas vamos ao que interessa... Já calculava pelo pouco que conhecia do autor alemão que a coisa não era tarefa fácil (por acaso já tinha visionado "a correr" a adaptação para longa-metragem), acrescente-se o facto de que esta obra aborda temáticas um pouco difíceis, mas nem por isso menos actuais e reais, depois vem ao de cima o facto de que (habituados às excelentes revistas com que nos tem presenteado este Grupo de Teatro) esta não era uma peça de comédia, não deixando por isso de ser uma aposta ganha, provando que nem só de risos vive esta arte, caso contrário pobre de sir William e do seu Hamlet (mas sem dúvida este facto terá infelizmente condicionado a afluência do público).
Mas eu gostei... Gostei bastante... Gostei da adaptação e do cenário... Mas gostei muito mais da brilhante actuação de Dora Valadão, não menosprezando de forma nenhuma o excelente trabalho deste talentoso elenco de 6 mulheres, (sim foi uma peça totalmente feminina e já não é a primeira) mas mais uma vez sobressaíram as qualidades da cabeça de cartaz, que ao longo deste renascer da "Jangada", tem sabiamente "vestido" todos os papeis que lhe dão e “Frau” Von Kant não foi excepção, por tudo isso nota "+" para todo o elenco.
Gostei... Gostei de certos pormenores... Gostei da música (não sei de quem veio a ideia e a selecção musical, mas foi bastante agradável), gostei bastante de ver certos momentos "enfatizados" com o som de "La vie en Rose" na voz da intemporal Edith ou "La Bohéme" com Charles Aznavour, denota o cuidado que se tem em certos pormenores, coisa que só acontece a quem se preocupa com a qualidade daquilo que apresenta. (O fundo musical é sem dúvida uma mais valia que poderia ser melhor explorada em futuros trabalhos.)
Não queria acabar de opinar, sem deixar uma nota sobre o excelente trabalho que nós público não vemos (à excepção do resultado final claro) mas que enobrece todo este trabalho e sem o qual nada deste esforço resultaria. São aqueles que não dão a cara, mas que dão os braços à arte de decorar, de pintar, de construir, de iluminar, etc... A todos vocês o meu reconhecimento pela vossa dedicação, porque já Cervantes sabia como é difícil lutar contra "moinhos de vento".



Todos têm direito de discordar deste artigo. E eu... Eu tenho direito a uma opinião!!!

terça-feira, 27 de março de 2007

sexta-feira, 23 de março de 2007

Baile da Pinha, 17 de Março de 2007...

No passado [sábado] dia 17, foi realizado novo evento na Sociedade Filarmónica Doutor Armas da Silveira, desta feita recriou-se o Tradicional Baile da Pinha.
Um pouco em consequência do surto de gripe que atingiu fortemente a população da ilha ao longo das últimas semanas, também esta iniciativa foi prejudicada no número de afluências ao Salão, verificando-se mesmo bastantes desistências de última hora.
De qualquer forma aqui fica mais este registo, esperando-se que com o reavivar destas iniciativas se reencontre o brilho que enchia os Salões de Baile há largos anos atrás na nossa ilha.

Pormenor do arranjo nas mesas... Pormenor do arranjo no palco... A "Pinha" propriamente dita... Novo aspecto da entrada [do edifício-sede da Sociedade Filarmónica Doutor Armas da Silveira] com o renovado bar ao fundo... A abertura da Pinha, com os casais a escolher as fitas de Rei e Rainha... Os vencedores... O Rei e a Rainha da festa, neste caso o casal "Correia" a dar "baile" ao pessoal...

A prestação do CDEF na 2ª Divisão Nacional de Vólei (zona Açores)

photo No passado fim-de-semana findou a competição da Zona Açores da 2ª Divisão Nacional de Voleibol [época 2006/2007]. O Clube Desportivo Escolar Flores (CDEF) realizou duma forma algo ténue a sua participação estreante nesta prova, acabando em 5º lugar (antepenúltimo) com 5 vitórias em 20 jogos e 22 "sets" ganhos para 48 "sets" perdidos [uma "ratio" de 0,458].
Foi notória a grande diferença qualitativa das duas equipas que lutaram pelo título na prova [o Clube ANA (de Santa Maria) e o Clube Desportivo Ribeirense (do Pico)] para as outras equipas intermédias [onde se incluía o CDEF, mais a Associação Desportiva e Recreativa Escolar Praiense (da Terceira) e a Associação Desportiva e Cultural dos Bombeiros da Horta (do Faial)] e havendo mesmo uma outra equipa que não ganhou qualquer jogo, o Clube Desportivo Internacional Vólei Açores [IVA] (de São Miguel).
Saudações florentinas!!

domingo, 18 de março de 2007

Pérolas do «Rocha dos Bordões» #1

Republicação de «Houve um "tsunami" na ilha das Flores em 1940??!», originalmente publicado no Rocha dos Bordões a 2 de Maio de 2005.
photo «Cientistas referem tsunami ocorrido na ilha das Flores em 1940»!! Encontra-se em reedição o "Catálogo das Catástrofes Naturais dos Açores", numa iniciativa do objectivo 3 do projecto INTERREG III-B VULCMAC 2; por esse motivo alguns investigadores do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores [OVGA] estão a proceder a uma revisão do [anterior] catálogo de 1986, adicionando-lhe [novos] elementos [entretanto] recolhidos de diversas fontes.
Uma das grandes novidades desta revisão [do "Catálogo das Catástrofes Naturais dos Açores"] consiste na identificação de fenómenos tsunâmicos, nomeadamente os que se desenvolveram nas ilhas das Flores e do Corvo, ainda em fase de estudo.
Com a colaboração do historiador florentino João Gomes Vieira, os cientistas do OVGA têm já como certo o registo de vagas gigantes de origem sismogénica no dia 25 de Setembro de 1940, conforme um documento oficial descoberto na Guarda Fiscal de Santa Cruz das Flores e do qual [seguidamente] se reproduz um breve reumo:
"O temporal que levou o azeite de baleia de toda a ilha das Flores atingiu todas as costas da ilha, com maior intensidade nos portos do Boqueirão, que destruiu todas as instalações baleeiras, levando armazéns e cisternas do azeite da campanha de um ano [inteiro].
[O temporal] Destruiu as muralhas do Porto Velho e do porto das Poças, (as ondas d)o mar destruíram paredes de relva e terreno de culturas à cota da antiga estação telegráfica das Flores, que fica por detrás da piscina natural.
As ondas foram muito altas, [ainda] mais junto da costa [em] que atingiram áreas que estavam sensivelmente a 20-25 metros de altitude. [O temporal] Destruiu muitas embarcações nos vários portos da ilha.
No porto das Lajes das Flores [o temporal] levou toda a produção de azeite de baleia da campanha daquele ano, [e ainda] muitas embarcações e um barco de carga que era do meu pai"
.
Segundo a nota da Guarda Fiscal [o documento oficial descoberto em Santa Cruz, do qual acima reproduzimos um breve resumo], ao fenómeno [as referidas ondas gigantes] seguiram-se maresias que se estenderam pelo dia inteiro. Os cientistas do OVGA encontram-se a pesquisar notícias deste tipo nos jornais da época, tanto das Flores como do Faial. Recorda-se que o acontecimento [as ondas gigantes] ocorreu em tempo de plena Segunda Guerra Mundial; ou seja, essas ondas gigantes podem [eventualmente] ter tido origem bélica ou em meras experiências de guerra.
Note-se que a ocorrência nos Açores de tsunamis com elevado poder destrutivo é de baixa probabilidade, pois nos Açores não existe [a chamada] "plataforma continental", ou seja, parece existir uma relação estreita entre a leve inclinação do fundo do mar sobranceiro aos continentes e a violência dos tsunamis. "O que vemos das nossas ilhas são autênticas pontas de vulcões, que têm origem a mais de 2 mil metros de profundidade" (referem os cientistas), pois para uma onda gigante que se forme no fundo do oceano subir esta muralha parece ser um movimento pouco natural, constantemente contrariado pela sua constante elevação e irregularidade; quando a maré [eventualmente tsunâmica] chega à superfície, praticamente já não é assassina.
Saudações florentinas!!

Pérolas do «Rocha dos Bordões» #0

Há alguns dias atrás, numa noite de insónias, tive uma ideia... Lembrei-me que se podia/devia criar uma "secção" neste (novo) «Fórum ilha das Flores» que republicasse antigos textos (mais marcantes ou insólitos) do «Rocha dos Bordões», as ditas "Pérolas".
Sem qualquer tipo de periodicidade fixa, esta "secção" tentará rememoriar o que de melhor foi sendo publicado no «Rocha dos Bordões» e agora apenas consta dos seus arquivos. A selecção dos textos a serem republicados não tem de ser exclusivamente minha, quem queira pode sugerir-nos (por email) um qualquer texto do «Rocha dos Bordões» que considere merecer ser republicado no (novo) «Fórum ilha das Flores».
Inicialmente nesta "secção" pretende-se (tentar [mas sem grandes amarras]) seguir uma matriz cronológica, isto é, partindo de textos mais antigos [dos primórdios] do «Rocha dos Bordões» até aos textos mais próximos do fim do mesmo.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Memorabilia da Rádio SOS... #2

Os «Ugly Kid Joe» no vídeo (para a MTV) do seu maior êxito "Everything About You"...

Deixo algumas ligações para quem queira saber o que (entretanto) aconteceu aos elementos que formavam os Ugly Kid Joe e para verem outros vídeos (de actuações dos UKJ ao vivo) de "Neighbor" e "Cats in the Cradle" (versão dos UKJ para o original de Harry Chapin).

segunda-feira, 5 de março de 2007

Histórinhas... a propósito de Rádio!!!

Ainda há algum tempo atrás, falava eu do sinal “errante” das antigas transmissões televisivas que recebíamos há uns “anitos” atrás (isto a propósito de um artigo sobre banda desenhada), porque “vivíamos” a nossa ultra-perificidade de forma muito acentuada (gosto muito destas neo-classificações).
Éramos uma ilha onde “São Vapor” apenas se dignava a visitar mensalmente, (falo já do “meu tempo” e isto quando o tempo permitia, quando não era assim) vivíamos tempos de constante falta de bens de primeira necessidade e dos açambarcamentos, verdadeiros “tesourinhos deprimentes” (perdoem-me os “monços” do «Gato Fedorento»...) de tempos passados. E “valha-nos Deus” (assim dizem os mais idosos) que isso já não acontece (com a mesma frequência).
Mas voltando ao assunto, os florentinos sempre tentaram “combater” o isolamento da melhor forma que sabiam e podiam (acho eu na minha humilde visão das coisas...)
Sempre se “bateram” umas cartadas (nos “clubes” e nas “juntas” ou onde quer que o povo se juntasse à noite para dar largas à “cavaqueira”) ainda que à luz da vela para passar o tempo, sim porque os Invernos rigorosos (leia-se “brutais ventanias”) davam frequentemente “cabo das linhas da luz”.
A ocidente, por muitos anos, se teimou em usar a criatividade e um dos mais apreciados frutos da inteligência de alguns e do engenho aguçado destas gentes (algumas...gentes...) foram as emissões “piratas”. Imaginem que chegamos a ter uma televisão local.
Eu sei... eu sei... era um bom assunto para relembrar, mas infelizmente não me vou alargar por aí por falta de conhecimento, estou certo que o Paulo [Leal] há-de tirar um dia para vos contar essa história.
Por isso falo de rádio... mas de rádio local...
Daquela feita por gente da ilha para gente da ilha...
Daquela feita à perda de serões por detrás de uma “mesa de mistura”, dois “pratos” e um “deck” com cassetes de fita castanha e discos de vinil... (no início, claro, que depois chegou o cd em grande!), quando ainda não havia a informatização, nem o mp3, nem a rádio a metro (como muitas que por ai andam) com tudo “programadinho”, “cotizado” e “despersonalizado” para correr bem.
Falo de rádio... mas de rádio local...
Daquela... [rádio] pirata de espada à cinta e pala no olho...
Daquela rádio com as “brancas” e as falhas próprias das coisas feitas mais pelo coração do que com a sapiência.
Daquela feita da carolice de uns quantos a partir de um emissor “amador” e de uma antena artesanal instalada no quintal...
Daquela que recebia apenas o “subsídio” do reconhecimento de uma audiência assídua nos tempos em que a televisão era como era...

Uma vez mais, não podia deixar aqui um texto sem relembrar alguém ligado a este assunto, neste preciso caso um dos rostos por detrás da rádio nesta ilha, porque crédito dá-se a quem merece, esteja presente ou, como é infelizmente o caso, já não esteja entre nós, porque não se pode falar de rádio nesta ilha sem relembrar o “Max”, o homem dos 1.001 talentos, que mexia e remexia nos transístores e resistências (penso que se chamam assim, nada percebo dessas geringonças electrónicas) e que deu voz a muitas e muitas emissões nas (também muitas) frequências que usou.
Era o “Max”, conhecido por toda a gente e que (já numa fase mais recente) foi a “alma” por detrás da última “Rádio Flores”.
Desse tempo já nem o edifício existe, corre por aí que foi uma operação estética em prol do progresso, pena que [na ilha das Flores] o custo do progresso passe pela destruição de património cultural.
Relembrei o “Max”, porém muitos foram (seus contemporâneos) os que deram “som” a esta ilha.
Os últimos faziam parte de um projecto chamado Rádio S.O.S.
A rádio “S.O.S.” arrancou para o ar em 12 de Abril de 1993, se hoje ainda estivesse entre nós teria 14 anitos... (conto essa história aos mais esquecidos da próxima vez, que desta já vou longo...)
Falei de rádio...
Daquela rádio que se fazia “pirateada”...
Era ilegal? Talvez... mas nunca incomodou ninguém... e, bem mais importante, era feita por florentinos para florentinos!!!


Todos têm direito de discordar deste artigo. E eu... Eu tenho direito a uma opinião!!!